É um procedimento pouco invasivo e que permite ter alta no próprio dia. Com uma “agulha especial” tratam-se cancros e metástases. É a ablação precutânea de tumores que está já implementada no Hospital Santa Luzia (ULSAM), em Viana do Castelo.
São alternativas à cirurgia tradicional, estando já presente em diversos tratamento de tumores, com a vantagem de serem menos invasivas, com um menor risco de complicações e com tempos de internamento mais curtos.
José Traila Campos, diretor do serviço de Imagiologia da ULSAM, explicou ao A Aurora do Lima que “a ablação percutânea acontece através de uma agulha que introduzimos no corpo, só com um furinho e guiada por imagem – TAC ou Ecografia. É introduzida na lesão, através da pele, uma agulha especial que irá tratar, recorrendo a métodos térmicos (radiofrequência, microondas ou crioablação)”. No fundo, a lesão irá ser “queimada” ou “congelada”, num processo que leva à destruição. Normalmente, acontece num nódulo ou num tumor de dimensões que, geralmente, vão até aos quatro a cinco cm, permitindo a cura sem o doente ter que ser operado.
Qual é a vantagem?
O processo é fazer um furinho milimétrico na pele, não sendo necessária uma anestesia geral, e onde o doente entra e sai no próprio dia, em ambulatório, e com muito menos dores. Em Viana do Castelo acontece, sobretudo, em intervenções de tumores no fígado e no rim, metástases do fígado e lesões da tiróide.
E os resultados são 100% garantidos?
Nos casos que experimentamos, os resultados são de uma eficácia total. Temos também referências, em literatura e noutros hospitais, como o S. João (Porto) ou o de V.N. Gaia, com eficácias superiores a 90%. A vantagem é que mesmo que não fique a 100%, é possível, passado um mês, queimar o resto. Conseguimos ser muito eficazes.
As ablações são possíveis em qualquer parte do corpo ou só nas que referiu?
Pode ser feita em mais órgãos. Mas são sobretudo nestes três (fígado, rins e tiróide) que estão mais em voga e onde há melhores resultados. São tecnologias novas e que estamos sempre a evoluir. Felizmente, Viana do Castelo já as têm.
Desde quando esta tecnologia está em Viana do Castelo?
Estamos a fazer os primeiros casos experimentais há cerca de dois anos. Neste momento, já temos o equipamento mais disponível para nós. Temos capacidade para, perfeitamente, fazer um a dois casos por semana. Já temos o material, o apoio da anestesia, uma sedação leve para o doente não ter dores. É como fosse uma colonoscopia. O doente entre e sai numa questão de horas.
Falou em metástases. Quer dizer que permite uma intervenção com os tumores já em estado adiantado?
Sim. Imagine: Um tumor no intestino com duas ou três metástases no fígado. É perfeitamente possível, na cirurgia, ir lá e tratar o tumor no cólon. Depois vamos ao fígado e, no fundo, fazemos uma ablação por temperatura, queimamos as metástases e o doente fica curado. Portanto, nas lesões até três a quatro centímetros no fígado, no rim ou na tiróide, conseguimos completamente secar a lesão.
Trata-se, pois, de uma intervenção muita mais rápida, menos invasiva e agressiva para o organismo!
Exatamente. O doente é preparado durante meia hora, na sala de ecografia ou de TAC, num procedimento que demora cerca de meia hora. Passadas três ou quatro horas no recobro, já pode sair e ir para casa, se estiver bem, sem dores e confortável.