A ArtMatriz no contexto do associativismo

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Gonçalo Fagundes Meira

Sempre entendi que a cultura, em boa parte, deve assentar no Movimento Associativo, mesmo compreendendo que este enquadra o bom e o menos bom, realidade inerente a tudo o que as sociedades comportam. Felizmente, no domínio cultural, de forma diversa, não faltam estruturas que prestam notáveis serviços às comunidades, preenchendo enormes lacunas que os poderes vão criando com as suas insuficiências orgânicas e opcionais.

Viana também dispõe de um Movimento Associativo empreendedor que na sua maioria produz trabalho de relevo. Na cidade, particularmente, existe um conjunto de estruturas sabedoras e aptas a trabalhar bem nas áreas a que se dedicam. Entre elas está a ArtMatriz, fundada por José Marques, um ex-trabalhador dos ENVC, entretanto falecido, a quem já algumas vezes me referi. Com a sua morte, a Associação que criou podia ter sucumbido, mas alguém decidiu honrar a sua memória e mantê-la viva, trabalhando afincadamente para Viana e os vianenses.

No passado fim-de-semana estive presente na sua última iniciativa, a “VianaCon”, realizada no Centro Cultural. Tratava-se de um encontro de jogos de tabuleiros modernos, que se prolongou por três dias, integrando workshops, palestras, torneios e demonstrações diversas, sem esquecer o lançamento nacional de um novo jogo de tabuleiro. Por ali passaram cerca de mil pessoas, num vai e vem de gente de todos os escalões etários que impressionou. Tudo enquadrado numa organização a raiar a perfeição, na base de um voluntarismo comovedor. Com reduzidos apoios, foi possível colocar Viana em evidência, fazendo deslocar até nós gente dos mais diversos locais do país e até de fora. Daí a ambição de fazer do evento um dos melhores no contexto europeu, objetivo legítimo, dado o êxito desta primeira experiência.

Para além de outras variantes, a ArtMatriz realiza ainda em cada ano a Mostrarte, na qual participam artistas, fundamentalmente designers, oriundos de todos os continentes, que trazem até à nossa cidade trabalhos artísticos de grande qualidade. Trata-se de um evento que vem fazendo o seu caminho sempre em crescendo, granjeando prestígio e acolhendo apoios. José Marques sonhou, realizou e partiu, mas o seu legado teve continuidade, para bem do associativismo e da atividade cultural da nossa cidade. Que não haja desânimo e que não lhe faltem os merecidos apoios, porque só boa vontade e sacrifício não chegam.

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