Voluntariado

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Gonçalo Fagundes Meira

Segundo a imprensa, respondendo a um apelo lançado pela plataforma online “Cuida de Todos”, em apenas dois dias, três mil portugueses ofereceram-se para prestar ajuda em lares de idosos. Trata-se de uma manifestação de altruísmo digna de referência, tanto mais que, neste momento pandémico, os lares de idosos são locais de visível crise sanitária.

É de registar com muito agrado esta vontade de servir dos portugueses, mas não causa de todo admiração, apesar de não sermos os maiores em matéria de prestação de serviços à comunidade. Há cerca de um mês, no Reino Unido, em resposta a um apelo do governo, segundo o primeiro-ministro Boris Johnson, em menos de 24 horas, mais de 400 mil pessoas inscreveram-se como voluntários para ajudar em serviços de apoio a doentes, especialmente idosos. Normalmente, é em situações dramáticas que a resposta é mais imediata e mais massiva, mas devemos constatar que há gente neste país que, em boa parte da sua vida, prestaram e prestam serviço de voluntariado.

Segundo um estudo de 2011 da ANIMAR (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local), o voluntariado na Europa destaca-se sobretudo na Inglaterra, Irlanda e países nórdicos. No mundo em geral tem também forte visibilidade nos EUA, Canadá e Austrália.
Os portugueses ficar-se-ão por uma participação na ordem dos 12%, cerca de metade da média europeia, que é de 24%, considerando o mesmo estudo que se trata de um valor de baixa relevância.

Geralmente, os estudos são cautelosos e adotam critérios de investigação fiáveis, não havendo muitas razões para os contrariar, mas quem acompanha de perto a prestação de serviço à causa pública sabe que há instituições e movimentos organizados no país em geral que só funcionam porque há homens e mulheres que, muitas vezes com prejuízo da sua vida familiar, lhe dedicam graciosamente grande parte do seu tempo, que vai da administração a serviços básicos.

Sempre tive admiração e estima por aqueles que dedicaram e dedicam parte da sua vida a servir causas, independentemente das tarefas para que são convidados, apostando muitos na discrição da sua solidariedade. E se há gente que se disponibiliza sazonalmente, outra há que já não sabe viver sem ser a trabalhar para o próximo, começando novos a fazê-lo e levando essa prática atá ao limite das suas possibilidades físicas. Fazer algo por terceiros, por muito ou pouco tempo, independentemente do que for, deveria ser um princípio de todos, já que também é desta forma que enriquecemos a nossa existência.

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