Só quem já participou nas Festas em Honra de Nossa Senhora da Agonia, novel Romaria da Agonia, proto Rainha das Romarias de Portugal, compreende verdadeiramente o impacto simbólico que a sua não realização tem para as pessoas da cidade e freguesias de Viana do Castelo.
Por participar, entenda-se, ir mesmo ou ajudar nalgum dos atos mais emblemáticos do seu programa: Revista de Gigantones e Cabeçudos; Procissão Solene; Desfile da Mordomia; Procissão ao Mar; Cortejo Etnográfico; Festa do Traje; Serenata…
É que um assunto é assistir ou ir ver a Festa: os fogos, as procissões, os desfiles, as diversões, as feiras, vendas, tendas, enfim, tudo quanto se queira, do tanto que acontece em Viana nos sóis e luas que gravitam em torno do dia 20 de agosto, e que é coisa para emocionar qualquer pessoa.
Mas matéria de outra talha é ter esses dias por compromisso, ofício e devoção. É madrugar, preparar, trajar, estacionar, palmilhar, correr, estar, acenar, sofrer, comover, sagrar. Dar o corpo à Festa, para dar corpo à Festa. Uma dádiva nunca ilesa, como postulava a mítica coreógrafa Pina Bausch, de cuja seminal coreografia de A Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky, extrapolamos para a Festa.
São esses milhares de pessoas que se empenham para a realização da magna celebração popular vianense, quem mais intimamente dará por falta da saída à rua das festas da agonia que, holísticas e transbordantes, irradiam catarse e marcam o calendário de um milhão de pessoas, ano após ano.
E são todos eles e elas, que se doam à Festa de coração desinteressado, a quem se dedica especialmente este Sentir:
Volta Romaria
Quando a tempestade desafia
E o medo ameaça
Quando a dúvida grita
Uma nova desgraça
Existe
No nosso peito
Um Sentir
Volta Romaria
Subsiste
Na nossa alma
Uma devoção
Volta Romaria
Persiste
No nosso olhar
Uma esperança
Uma força
Uma fé
Volta Romaria
Um Sentir
Sentir
Sentir
Sentir
Que nos faz acreditar
No amor de cada dia
Que voltaremos a abraçar
Na Senhora d’ Agonia