Não sou vianense de gema, mas sou-o de coração.
Em 65 anos de presença, assisti à renovação contínua da “minha” cidade e olho-a, agora, com o embevecimento de quem gosta e tem orgulho na limpeza, na jardinagem, na claridade. Claro que nem tudo é perfeito, mas, por comparação, podemos ter essa “chieira” de ombrear com os melhores lugares.
Mas, como sempre, em todos os homens, em todos os acontecimentos e em todos os lugares, acontece a nódoa. Às vezes, uma nódoa tão visível que nos faz voltar a cabeça para não ver. Mas há nódoas que não passam despercebidas.
É o caso daquela casinha simpática e que, durante muitos anos, acolheu a “árvore de Natal”. Lá está ela, no mesmo sítio, com a mesma humilde presença e a mesma função de sempre. Humilde, mas simpática.
É essa a nódoa. Não a casinha, mas os arredores: aquele muro desmazelado; aquele caminho de torce-tornozelos. E, aquele jardim feito erva crespa, de lama e entulho.
É essa a nódoa de uma cidade que prima pela limpeza, pelo amanho, pela boa apresentação.
E maior se torna a nódoa porque se trata de um local de acolhimento de doentes da área da tuberculose, logo, de quem precisa de se sentir num local aprazível, saudável e animador.
É essa a nódoa visível e que, afinal, não necessita mais do que um simples compressor de limpeza; uma mão de cal; um carinho sobre um pedaço de terra que só quer alimentar um canteiro de relva e flores.
Nada mais precisa para se tornar o que precisa de ser: um sítio humanizado. Um espaço que não faça desviar os olhos.
Um local que não nos envergonhe.