Uma equipa de investigadores da Escola de Ciências da Universidade do Minho (UMinho) descobriu recentemente mais de meia centena de espécies ao largo da costa de Viana do Castelo. Dentro das “surpresas” destacam-se algumas esponjas de profundidade, populações de gorgónias bem conservadas e mesmo corais duros que geralmente só ocorrem a maiores profundidades.
Neste leque não há para já espécies novas para o Mundo, mas várias delas são inéditas no Norte de Portugal e apresentam distribuição limitada geograficamente, refere uma nota de imprensa da UMinho.
Ao longo dos últimos três anos e até Setembro de 2023, cientistas do projecto “Atlântida” estão a estudar as zonas marítimas mais profundas, a chamada zona de penumbra, onde a luz muito ténue que atinge o fundo não possibilita a fotossíntese, e que é muito pouco analisada a nível mundial.
“Estamos a lidar com ecossistemas marinhos vulneráveis, que suportam espécies de conservação prioritária pela União Europeia e são muito importantes para a saúde dos ecossistemas marinhos; temos detectado inclusive espécies nunca antes observadas em Portugal”, avança Pedro Gomes, investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) e professor do Departamento de Biologia da ECUM.
Os investigadores mostram também preocupação com a destruição do fundo do mar provocada especialmente pela pesca de arrasto. “Precisamos de medidas legais, mas é um problema, porque o ganha-pão dos pescadores está nesta zona. Por indicação da União Europeia somos obrigados a aumentar as áreas protegidas até 30% do território nacional, logo requer-se acções de recuperação e protecção”, remata.
O projecto “Atlântida” é financiado pelo Programa Norte2020 e envolve as universidades do Porto (coordenação), do Minho e de Trás-os-Montes e Alto Douro. Em paralelo, o CBMA está a dinamizar o projecto “River2Ocean”, que visa apresentar soluções socioecológicas e biotecnológicas para a conservação e valorização da biodiversidade aquática na região do Minho.