Na idade média, para chegar a todo o mundo, tínhamos o segundo melhor porto do país, mas esse era o tempo dos barcos de madeira, de pequeno calado, e de acesso fácil numa barra de pouca profundidade. Só que os tempos mudaram e, a partir dos séculos XVII e XVIII, Viana viu-se preterida em relação a outros embarcadouros mais acessíveis e seguros. Por isso, numa cidade rica, de mercadores e nobres, transformamo-nos em “terra de ninguém”, com recurso à ruralidade para sobreviver.
É inquestionável que, onde houver um bom porto de mar, de acessos favoráveis por terra e mar, haverá progresso. Só que os vianenses evocam o de antigamente, mas pouco se esforçaram para ter um apropriado no presente.
Neste jornal, desde 1855, esta matéria foi controversamente notícia e comentário, assim testemunhando a nossa vontade de não sair do marasmo. E, aqui chegados, nem nos entendemos sobre os acessos por terra ao porto, reivindicados desde que este se localizou definitivamente na margem esquerda, em 1983.
É caso para perguntar se queremos um porto capaz de funcionar como alavanca do progresso da região, que acabe com a letargia de que quase nunca saiu depois dos tempos áureos, ou se pretendemos pura e simplesmente acabar com ele. Invocar a defesa de uma trintena de plátanos para paralisar obras de acessos em fase de conclusão, estruturantes para quatro freguesias do concelho, parece destituído de lógica. Afinal, onde estavam os defensores das árvores quando decorreu o processo de debate e aprovação pelos órgãos executivos e consultivos municipais do projeto das obras?
Não é crime ambiental abater árvores, desde que por razões imperiosas de evolução das sociedades, crime é não as plantar. E, nessa matéria, todos temos telhados de vidro.
Terminemos falando de humor, aquele que foi tema de programa televisivo recentemente na nossa cidade, o Terra Nossa, de César Mourão. Provavelmente este será o figurino de realização em todas as cidades. Pois, mas pouco criativo e com falta de elevação no humor. Falando por nós, os vianenses mereciam melhor. Também assim pensam muitos dos nossos leitores que fizeram chegar até nós esse reparo.