O mundo com vacinas é mais seguro

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Gonçalo Fagundes Meira

Presentemente, mesmo os não católicos rezarão para que se descubra a vacina que ponha fim a este drama criado pelo vírus que por aí anda. Poucos serão os que não torcem pela eficiência da ciência e desesperam pela incerteza da solução milagrosa que nos restitua a normalidade e alegria de viver. O ditado é velho, “só invocamos Santa Bárbara quando há trovoada”, mas tem que ser ruidosa e assustadora, caso contrário consideramo-la própria da época.

As vacinas nunca foram uma questão pacífica para alguns; isto porque muito boa gente, por vezes, teima em “levar a ciência ao pelourinho”, acusando a terapêutica oficial de não passar de um comércio com o qual muitos enriquecem; defendendo, a partir daí, práticas medicinais escoradas no nada. Contraditoriamente, em situações desesperadas, poucos são os que não procuram a cura no sistema de saúde pública, comportamento que não é de hoje.

No semanário “Expresso” de 23/05/2020, Francisco Louçã escreveu um artigo com o título “Há cem anos a recusar vacinas”, onde cita algumas das muitas guerras que se geraram na contestação à vacinação, especialmente no que toca a crianças, particularmente nas zonas rurais. Recorde-se que a criação do primeiro plano de vacinas data de 1899, tendo sido regulamentado pela jovem República em 1911.

Sabemos como o boato alarve se propaga à velocidade de vento invernoso, especialmente onde a incultura se faz sentir. Daí que não seja de admirar que, na base de relatos históricos, Francisco Louçã nos diga, por exemplo, que “em 1911, por todo o concelho de Gouveia, distrito da Guarda, se espalharam boatos de que, a expensas da Maçonaria, as crianças das escolas iam ser vacinadas para, por este meio, se lhes tirar a crença religiosa”.

Mas há outros casos citados a provar que a proteção da saúde das populações por este meio não foi um problema pacífico e que tumultos, por vezes sangrentos, se foram gerando um pouco por toda a parte.

Contudo, vivemos no tempo em que a ciência tem méritos reconhecidos, já que o que foi criado em matéria de vacinas salvou milhões de pessoas da morte no mundo inteiro.

Lembremos só as mais públicas: Varíola (1796), Raiva (1885), Tétanos (1890), Tuberculose (1921), Difteria (1923), Febre Amarela (1937), Poliomielite (1952), Sarampo (1971) e hepatite B (1971). Ainda temos um longo caminho a percorrer para vacinar toda a população mundial e imunizá-la contra todo o tipo de vírus, os existentes e os que vão surgindo, como é o caso do que nos ameaça no momento. Porém, não lembra ao Diabo pôr em causa a vacinação, especialmente das crianças, como alguns vão advogando e praticando, com todo o tipo de perigos que isso comporta para a população em geral.
GFM

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