É caso para dizer que a arte desceu à rua, mais a arte está em plena rua, desta vez ali mesmo num maravilhoso local, nem mais nem menos, precisamente no encantador lugar de Paçô, na avenida do mesmo nome, na nossa freguesia, sim é caso para dizer que este lugar de Paçô sempre foi um polo inovador das artes e da cultura na nossa Freguesia, e para provar tal desiderato de décadas e séculos passados, eis que surge novamente no tempo presente, perante os nossos olhares mais uma excelente manifestação de arte e cultura expressa num belíssimo mural: O Mural de Paçô.
O mural de que falamos situa-se na Avenida de Paçô, e quando percorremos esta avenida no sentido sul-norte ao atingirmos o fim da subida junto da capela de S. Sebastião, logo erguendo e orientando o nosso olhar em frente, já o conseguimos visualizar no início do muro do quintal da Casa Albergue do Sardão, a Casa da Fontainha como ainda por muitos é assim conhecida.
Ao contemplarmos o mural de Paçô, logo a primeira referência vai toda para a arte, pois dar testemunhos de vida num mural de um metro por trinta é obra, melhor dizendo é uma verdadeira obra de arte, está pois de parabéns a artista Luísa Coelho.
Em conversa com o autor deste projeto ficamos a saber que o embrião do mesmo aconteceu bem longe deste recanto de Carreço, aconteceu no tempo em que o Hugo Lopes lecionava por terras de S. Tomé e Príncipe, e como formador em Angola e da Guiné, enriquecendo assim o seus conhecimentos com valores que um dia mais tarde era seu desejo doa-los à comunidade.
Se bem o pensou melhor o fez. A vontade firme de trazer para a sua comunidade tudo quanto ia aprendendo lá por fora não se dissipou com o passar do tempo, bem pelo contrário, pois tais conhecimentos foram tomando consistência e adquirindo forma imaginária muito forte daquilo que queria um dia implantar na sua comunidade, de tal modo o processo evoluiu para no tempo presente passarem à forma física, material e expressiva, e assim deste modo o Hugo desejou, está tal obra à usufruição de toda uma comunidade.
No mural estão descritas as atividades agrícola e marítima que a comunidade local outrora viveu. Estão bem expressos esses momentos de grandes fainas dos nossos antepassados, das quais nós mesmos ainda tivemos o ensejo de viver e participar. O mural além de toda a sua beleza artística e paisagística, tem o privilégio de enquadrar a sua parte superior com os campos ou com o mar, este pormenor foi como o Hugo nos demonstrou conforme íamos evoluindo na leitura do mural, passando pelos campos e pelo Atlântico.
Este é “O Mural de Paçô”!. Foi com esta expressão que Hugo Lopes definiu a identidade do mural, referindo que ele é um memorial a toda a comunidade do passado e uma referência para a comunidade atual.
Estamos perante uma valiosa dádiva à comunidade local, apenas com o único intuito de valorizar esta mesma comunidade. Com este mural, Carreço valoriza-se consideravelmente, quer artística, quer culturalmente, porque são marcas indeléveis para todos quantos nos visitam, ou por aqui caminham. Não podemos olvidar que o mural está na rota dos Caminhos de Santiago, e levam estas marcas identitárias de Carreço para todos os recantos do mundo.
Resta-nos uma palavra de agradecimento ao Hugo Lopes por tornar realidade o seu ardente desejo e a disponibilidade de colocar ao serviço de toda a comunidade carrecense a presente obra de arte.
Parabéns e obrigado Hugo.