Cartas de estudantes do Politécnico de Viana do Castelo ajudam a combater a solidão dos idosos

Janelas ConVIDA surgiu em plena pandemia com o objetivo de combater o isolamento social das pessoas mais idosas, afastadas de familiares e conhecidos, em tempos de Covid-19. Agora, o projeto evoluiu e engloba, entre outras ações, a troca de cartas entre utentes incluídos em respostas sociais, e estudantes do curso de licenciatura em Educação Social e Gerontológica da Escola Superior de Educação do Politécnico de Viana do Castelo.

E se, de repente, receber uma carta de alguém que mal conhece a perguntar-lhe como está, a querer partilhar histórias ou simplesmente a querer “fazer conversa”? É esta a ideia que está por detrás do “Letras com Afeto”, um dos quatro eixos do Programa de Voluntario Académico Janelas ConVIDA, desenvolvido por estudantes do curso de licenciatura em Educação Social e Gerontológica da Escola Superior de Educação do Politécnico de Viana do Castelo.

Mas o Janelas ConVIDA, projeto que nasceu em plena pandemia pela Covid-19, em 2020, e que venceu o Prémio Santander Universitário UNI-COVDID19, assume agora outros contornos. Surgiu com o objetivo de combater a solidão e o isolamento social da pessoa mais velha que, mais do que o habitual, ficava fechada em casa, sem contacto próximo com familiares e outros conhecidos. Os mentores do projeto pretendem que ele agora seja mais envolvente e capaz de chegar a mais pessoas. E foi assim que nasceu o Programa de Voluntariado Académico Janelas ConVIDA.

A par do “Letras com Afeto”, o projeto desdobra-se também no “Laboratório da Idade”, focado no “ativismo pela idade e pela sensibilização e educação da comunidade relativamente ao envelhecimento, assim como a capacitação e empowerment das pessoas à medida que envelhecem”, descreve a docente Raquel Gonçalves, coordenadora do curso de licenciatura em Educação Social e Gerontológica da Escola Superior de Educação do Politécnico de Viana do Castelo. Incorpora também o “Abrir Janelas à Vida”, que engloba visitas domiciliárias, companhia e acompanhamento ou desenvolvimento de atividades de lazer. O quarto eixo denomina-se “Partilha a Sacola” e, como o nome indica, significa que os voluntários irão acompanhar a pessoa idosa, por exemplo, nas compras.

“O incentivo para ir à janela foi evoluindo para um contacto cada vez mais próximo com as pessoas mais velhas até que, durante o ano letivo de 2022/23, esta iniciativa evoluiu para um Programa de Voluntariado Académico, programa esse que está a dar os primeiros passos agora, em 2023/24”, acrescenta a docente Raquel Gonçalves.

O projeto, que tem como objetivo contribuir para “o envelhecimento bem-sucedido e saudável de pessoas mais velhas”, visa, ainda, construir uma rede de suporte às pessoas mais velhas, promover relações intergeracionais e de solidariedade, combater sentimentos de solidão, isolamento social, insegurança ou exclusão social das pessoas mais velhas e contribuir para o combate ao idadismo e para minimizar os seus efeitos na população.

Nesta fase, estão identificados voluntários para todos os Eixos de Intervenção, mas ainda só teve início o “Letras com Afeto” e o “Laboratório da Idade”. O primeiro tem já estabelecido o contacto com três respostas sociais e as trocas de correspondência estão em pleno funcionamento. O segundo eixo tem reunido de forma regular os voluntários, que estão a definir e a operacionalizar uma série de ações para implementar ao longo do segundo semestre. Os restantes eixos deverão avançar em breve.

“A recetividade das instituições tem sido excelente, até porque elas já estiveram envolvidas na primeira fase, ou seja, durante a pandemia”, acrescenta Raquel Gonçalves. Neste momento, o projeto está a ser implementado na Casa do Areal do Fundo Social, em Braga, no Centro Social e Cultural de Vila Praia de Âncora e na Congregação de Nossa Senhora da Caridade, em Viana o Castelo. Envolvidos deverão ser também a Câmara Municipal de Viana do Castelo e o Centro Humanitário do Alto Minho da Cruz Vermelha Portuguesa.

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