Os espinhosos caminhos do jornalismo

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Jornais que foram símbolos do jornalismo tombam; jornais que surgiram no mercado bem escorados financeiramente e servidos por bons profissionais tremem e reduzem efetivos; jornais e revistas que não encontram soluções para terem contas em dia são vendidos a baixo preço; jornais e outros órgãos de informação escrita resistem, mas em condições penosas, com insuficiência de pessoal, praticando baixos salários e cortando em despesas obrigatórias. Enfim, é esta a triste realidade do mundo dos jornais e similares.

Hoje, a imprensa escrita, mesmo com enormes dificuldades, continua a produzir conhecimento para ser adquirido gratuitamente, esquecendo-se que, por detrás do que se pretende gracioso, há gente que se formou, informou e trabalhou, que tem que ser remunerada para não morrer de fome. Hoje, a Internet, bem ou mal, com boa ou menos boa qualidade, fornece graciosamente, para quem a ela tem acesso, o que não produziu, o que outros, com custos, produziram. Hoje estamos perante a pirataria mais descarada de todos os tempos. Hoje, através da Internet, circulam os PDF de todos os jornais e de livros, distribuídos por muitos o que apenas meia dúzia comprou a baixo preço. 

É este o drama da imprensa jornalística, sempre com a morte à espera de se instalar; com gente que ama o jornalismo a procurar ocupações alternativas, porque tem ou vai ter família para sustentar. Todos ou quase todos sabemos que a morte da imprensa escrita leva à morte da notícia factual e ao enfraquecimento do conhecimento, expondo as democracias e a liberdade – valores que sempre provamos que desejamos – ao arbítrio de quem procura o enriquecimento fácil, mesmo que para isso tenha que recorrer ao poder musculado.

Contudo, há campo para encontrar soluções para este quadro triste. A imprensa está, na verdade, perante uma realidade que exige ideias novas, determinação e confiança. Mas este é um problema que não é só de quem à imprensa se liga. É um problema também dos poderes e de quem – embora menos – preserva o hábito de ler folheando e sentir o cheiro da tinta de impressão do que tem nas mãos. 

Este jornal, com os seus 168 anos de vida, recentemente feitos, na parte que lhe toca, não vai baixar os braços. A sua história, com momentos épicos, é demasiado bela; o sofrimento de tantos para que até aqui se chegasse é profundamente tocante; e o seu enquadramento na região é suficientemente desejado. Vamos a caminho dos dois séculos de vida. Que quem lá chegar os comemore com a satisfação de poder folhear o AAL já mais adulto e mais amado, fruto da resistência de que nunca abdicou.

                        GFM

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