A Câmara Municipal de Viana do Castelo aprovou hoje, por maioria, em reunião extraordinária de executivo, a Declaração de Reconhecimento de Interesse Municipal de um projeto de um investidor nacional para produção de hidrogénio na freguesia de Deocriste.
O presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, considerou que este é um projeto nacional “único no país” que poderá colocar o concelho vianense “na vanguarda” no que toca à produção de hidrogénio e contribuir, de forma decisiva, para a produção de energia limpa e para a redução da pegada de carbono industrial.
“É uma oportunidade única para Viana do Castelo que devemos acarinhar, e daí propor o reconhecimento do interesse municipal. Devemos abraçar este projeto que pode ser o primeiro e único em Portugal”, garantiu o autarca.
Este reconhecimento de interesse público vai permitir ao investidor iniciar o projeto e submetê-lo à apreciação da Reserva Agrícola Nacional (RAN). A proposta refere que o projeto “surge no contexto de novas abordagens integradas no sector energético que podem constituir oportunidades para a criação de valor ambiental e económico, melhorar a resiliência dos sistemas de distribuição e incrementar a segurança energética nacional”, tendo como objetivos “participar na diversificação das fontes energéticas do país, ajudar à redução da pegada de carbono industrial, aumentar a segurança do abastecimento e autonomia energética nacional, além de contribuir para o cumprimento dos compromissos assumidos pelo Estado Português no que diz respeito à produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis e à redução da emissão de gases com efeitos de estufa”.
A JAF H2 VERDE, com sede em Guimarães, candidatou este projeto ao PRR – Plano de Recuperação e Resiliência. O conceito passa pela utilização de energia renovável para a produção de Hidrogénio Verde, totalmente produzido através de fontes de energia renovável, solar ou eólico, por via de membrana polimérica, e cujos produtos finais, hidrogénio e oxigénio (subproduto) servirão para injeção em redes de gás de distribuição local e rede de unidade industrial, no caso do hidrogénio, e para eventual consumo industrial ou hospitalar, no caso do oxigénio.
De acordo com a memória descritiva do projeto, o mesmo será instalado na freguesia de Deocriste, junto às instalações da DS Smith, num terreno com cerca de 2.000 metros quadrados, “permitindo aos utilizadores locais de gás natural canalizado mitigar a sua dependência energética de fontes fósseis”. Para tal, está já assinado um contrato promessa de arrendamento de terreno para instalação da unidade.
“A localização do projeto respeita vários aspetos considerados críticos, de forma a diminuir o risco do projeto, mas o principal fator é a proximidade à rede de gás. Por esse motivo, a localização será próxima do ponto de interligação GRMS de Viana do Castelo e da unidade industrial Europac Kraft Viana (atual DS Smith)”, é indicado. Os consumidores para o hidrogénio produzido serão a rede nacional de gás, na GRMS de Viana do Castelo (Gas Reduction and Measure Station / Estação de Redução e Medição de Gás Natural) e a fábrica de produção de papel.