PCP e Bloco de Esquerda questionam Governo sobre encerramento da Coindu em Arcos de Valdevez

O PCP e o Bloco de Esquerda questionaram hoje o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre o encerramento, no final do mês de dezembro, da unidade da Coindu em Arcos de Valdevez que vai deixar sem emprego 350 trabalhadores.

Na segunda-feira, o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) revelou à agência Lusa o encerramento da fábrica de Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, e o despedimento dos 350 trabalhadores.

Segundo o SIMA, a decisão acontece cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.

“Este processo foi levado a cabo sem qualquer informação e consulta aos trabalhadores, numa completa ilegalidade sem que qualquer ação das autoridades competentes”, destaca o SIMA.

A Lusa contactou a administração da Coindu, mas ainda não obteve resposta.
No requerimento hoje enviado ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, o BE quer saber que acompanhamento está o Governo a fazer da situação, que medidas serão tomadas para assegurar os postos de trabalho e que apoios diretos e indiretos foram atribuídos à empresa, nos últimos anos.

No documento, o deputado José Soeiro, que assina o requerimento, relembrou que “a intenção de encerrar a unidade fabril de Arcos de Valdevez não é nova”.

“Em 2022, a empresa ponderou encerrar e recebeu quatro milhões de euros ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). No ano passado, a Coindu despediu 103 trabalhadores”, refere.

Para o PCP, “não podem ser os trabalhadores os sacrificados de uma estratégia de negócio a quem só interessa o lucro máximo e imediato e que desrespeita aqueles que produziram, com o seu esforço e capacidade, toda a riqueza ali criada nas últimas décadas”.

“Trata-se de um pesado golpe com dramáticas consequências para centenas de famílias e, nesse sentido, o PCP solidariza-se com os trabalhadores da Coindu”, refere.
O PCP anuncia ainda que irá, através do eurodeputado João Oliveira, questionar a Comissão Europeia sobre este caso.

Em 15 de outubro último, o Gruppo Mastrotto, fundado em 1958 na Itália, anunciou, em comunicado, a aquisição de “uma participação maioritária na Coindu – Componentes Para A Indústria Automóvel, SA , por meio de uma contribuição de capital para apoiar o relançamento do negócio”.

O Bloco de Esquerda diz estar “solidário com estes trabalhadores e trabalhadoras e considera inaceitável a forma como uma empresa que não só anuncia falta de mão de obra em 2022, como lhe é aprovada uma recapitalização no contexto do PRR, sendo considerada uma empresa viável, pode vir agora efetuar um despedimento coletivo”, lê-se no requerimento.

“Esta transação faz com que a Coindu se torne parte de um grupo líder da indústria de couro, consolidando a sua estabilidade financeira e operacional. Para o Gruppo Mastrotto, esta operação visa avançar a integração vertical, aumentando a capacidade da empresa de oferecer soluções de ponta a ponta para os interiores dos automóveis e, fortalecendo sua posição competitiva no mercado global”, lê-se da nota então enviada.

O Gruppo Mastrotto acrescenta estar, tal como a Coindu, “comprometido em expandir sua presença em segmentos de mercado de luxo”.

Em Portugal, a Coindu, fundada em 1988, tem unidades fabris em Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, e em Joane, concelho de Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga, empregando no total cerca de 2.000 trabalhadores.

A empresa é especializada na produção de capas para assentos de automóveis e peças decorativas de superfície para interiores.

Lusa

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