As curtas-metragens

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Alcino Pereira

As curtas-metragens, como a própria denominação indica, são filmes concebidos para desabrochar e findar, através duma breve narrativa que não ultrapassa os 30 minutos de duração.

Atendendo aos moldes por que este modelo se rege, os enredos são criados e formatados para gerar um grande enfoque no público em geral de modo imediato e com um teor clamoroso, transmitindo uma forte e incisiva mensagem. Imbuído nessa lógica, a curta-metragem difunde todo o tipo de conteúdos, seja de âmbito cinematográfico, de

As curtas-metragens estrutura documental, publicidade, ou para fins informativos. Não obstante essa versatilidade, entendo realçar nesta rubrica a componente associada às artes cénicas, apesar da maioria dos cinéfilos, definirem-se como adeptos convictos das longas-metragens.

Relegando-se as curtas-metragens para uma semântica residual e circunscrita, é fácil perceber qual o estereotipo que assiste, regularmente, a essas parcas e impactantes histórias. Sendo que esse cliché se coaduna, normalmente, com pessoas que procuram uma fruição momentânea, que não lhes consome muito tempo ou, noutro paralelo, tecido por indivíduos que optam por segmentos fora do comum, aderindo às curtas-metragens para se alijarem dos atributos massificadores das longas-metragens. Outra hipótese que se vislumbra para essa utilização é, quando de forma circunstancial, determinados sujeitos que se encontram a desfrutar dum certo evento são levados a visionar um ligeiro filme, na sequência dum intervalo, ou antes de se dar início ao espetáculo.

Contudo, ao consultar o serviço de streaming “Netflix”, achei um separador apelidado de “Curtas”, que detêm um rol considerável de filmes, bastante pertinentes, que relatam ficcionalmente as várias peripécias eloquentes e periclitantes da sociedade, mostrando-se talhado para diversos gostos.

O primeiro filme que recomendo, chama-se “Raghu, o elefante adotado”, de 2022, em que um casal de meia-idade, no sul da India, protege com desvelo um elefante órfão, deixando a impressão que esse animal substituiu no coração dos donos a sua única filha, que morreu, liquidada pelas vicissitudes trágicas da selva. Outro argumento que assenta, de modo perfeito, naquela cónica frase “As aparências enganam”, é o título “Stranger Left no Card”, de 1952, focando-se na figura dum forasteiro que chega a uma cidade pacata exibindo, por sinal, uma toada excêntrica e estrepitosa, agradando à generalidade dos conterrâneos, pouco habituados a um registo efusivo e encantador. Porém, estes desconhecem que as atitudes afáveis daquele vulto não passam dum engodo para ocultar as reais intenções ominosas.

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