A menos de duas semanas da invasão de Israel pelo Hamas e a cerca de 600 dias do início da invasão da Ucrânia pela Rússia, os olhares do mundo voltam-se das planícies de Donetsk, a norte do Mar Negro, na Europa, para a estreita Faixa de Gaza, na costa do Mediterrâneo, no Médio Oriente, quase no mesmo meridiano, mas em latitudes diferentes. E por entre a densa poeira dos campos de batalha, chega-nos a informação da morte e do sofrimento de milhares e milhares de inocentes, de um e do outro lado das fraturas expostas, entre o Ocidente e o Oriente.
À guerra na Ucrânia, onde se imolam milhares de cristãos ortodoxos russos e ucranianos, sob olhares atentos e interessados a Ocidente e a Oriente, junta-se, agora, o inferno para milhares de judeus e muçulmanos da antiga Terra Santa, o qual pode atear outra guerra que aprofunda o fosso entre o Oriente e o Ocidente.
Aos vários milhões de refugiados/deslocados da Ucrânia, na Europa Ocidental e na Rússia, cada vez mais esquecidos, acresce um milhão de deslocados/refugiados palestinianos de Gaza, a quem são feitas promessas de ajuda humanitária, muitas vezes só para “inglês ver”.
As guerras não se fazem sem efetivos militares, armamento e munições, nem sem dinheiro. Na Ucrânia, às numerosas forças armadas russas, opõem-se as menos numerosas forças ucranianas, com apoio militar e financeiro dos Estados Unidos e dos outros países da NATO. E no Próximo Oriente, as Forças de Defesa de Israel de cerca de 300 mil efetivos, bem armadas e munidas, foram desafiadas para a guerra pelos mais de 40 mil guerrilheiros do Hamas, armados e financiados pelo Irão e por outros países, sobretudo muçulmanos.
Em Portugal, entre vitórias desportivas e “dribles” e “fintas” do Orçamento do Estado para 2024, não se tem dado grande importância ao conflito israelo-palestiniano. Temo, contudo, que Gaza seja o retângulo onde se “joga” o futuro do Próximo Oriente e, também, o da Europa e do Mundo!
Carlos Branco Morais