A “Escola de Natação do S. C. Vianense”, de tempos idos, teve como piscina a antiga Doca comercial, até seu fim em 1959. As “escadinhas” situadas à proa do navio Gil Eannes (mais tarde aí acostado), constituíam o acesso mais próximo da água. Com toda a liberdade, delas nos podíamos atirar à água, como do cais, até mesmo dos mastros dos navios, para os mais ousados. A doca era a “Piscina Grande”, onde se nadava à vontade do saber e da responsabilidade de todos por um, e de um por todos. Por incrível que pareça nunca houve o mais pequeno acidente.
A “barraca” da Escola, nem dispunha de água doce nem de chuveiros, mas não se afastava da “grandiosidade da piscina” Ambas de uma humildade franciscana, onde uma celha, só para passar os pés, era atirada à doca quando era suposto já poder dar para um saboroso arroz de bacalhau (por dispensar, naturalmente, ele mesmo), no irónico dizer do Tio Amadeu. Assim era o único “banho limpo e digno” que aquela barraca nos oferecia; obra do benemérito Sr. Azevedo da fábrica de serração no Campo d’Agonia. A “separação de géneros”, como agora se diz, era feita da mesma madeira, onde surgia, em algumas épocas, um furo ou outro “dedicado” aos espreitas, que apreciavam ver as colegas “por dentro…”
Mas, nós, nadadores naquelas águas de óleos, com cascas dos toros de pinheiro e outras “misturas caseiras”, que vinham parar à doca, nunca delas padecemos, antes nos vacinaram e ajudaram a fixar o bronze ganho pelo sol do Estio. Como sabíamos nadar e bem, tínhamos às vezes uma prova “extra Escola”, da parte da manhã – nadar do Cabedelo para a Praia Norte, na travessia da foz e depois de nos mostrarmos, regressávamos ao Cabedelo.
A Escola de Natação do S. C. Vianense foi, também, como já temos dito, “Escola de liberdade, onde todos éramos mais iguais…” De actividades desportivas e lúdicas, por onde passou uma parte da juventude vianense, nos anos 30 a 60 do século passado. “Campeões da camaradagem q.b.”, ainda hoje à distância, nos orgulhamos ter sabido preservar o legado cívico de Amadeu Costa, Joaquim Baptista Alves, António Ribeiro da Silva, Frederico Pinheiro e, também, de Antero Felgueiras (Terinho), que sempre recordaremos com nostalgia. Que inevitavelmente a lei da vida reduzirá a efémeras memórias.
De Joaquim Baptista Alves, — a quem fizemos jus emprestar seu nome à Piscina do Atlântico (Out. 2011) –, somos fiéis depositários de seu espólio fotográfico e da história de um dos mais virtuosos tempos da Natação em Viana. Damos, assim, publicamente conta a suas duas filhas, Maria Olímpia e Maria da Conceição, proprietárias de todo esse espólio que nos confiaram, o direito de, se assim o entenderem vir um dia a ser entregue à guarda do Arquivo Municipal, como memória futura de que os Vianenses e a Cidade se orgulharão.
Entretanto, vamo-nos encontrar para reavivar essa riqueza de reminiscências de há mais de 60 anos neste próximo “IX Encontro de Atletas e Dirigentes do S. C. Vianense”, no sábado, dia 4 de Agosto. Inscrições: [email protected]; tels. 258 822 421; 914 732 397; 938 019 208.
BB