Uma geração dourada pontificou nos anos 70 do século passado. Sem adjetivos procuramos, de uma forma simples e leve, apresentar uma análise aos tempos idos. Lembrar os corredores do mediatismo, com o perfume da juventude irreverente, sem o peso da realidade, de pura carolice, aproveitando a fase primária da criancice.
O percurso inerente à formação foi duro, isto pela época, pela situação. Um ultrapassar sem dor, mas o gosto pelo futebol; o bate bola, o malabarismo criava certa apatia e diferença, base sólida na margem do razoável.
“Cané” perfumou os campos onde atuou, dava gosto vê-lo “inventar”, em fintas desconcertantes pregava o adversário ao terreno, levando de mão beijada a bola ao ponto fulcral, suscitando o perigo para as redes contrárias.
“Cané era um jogador cheio de talento e poderia ter ido longe no futebol, se o não foi, a culpa não foi sua porque tinha futebol para dar e vender”, dizia Amadeu Matos no livro “Velhas Glórias do Futebol Vianense”.
Com nostalgia, ao aflorar e lembrar estes factos sóbrios e de duração perene, prolongo em deleite, a saudade. Nada volta! Digerir demoradamente um tempo, não ignorando a severa e caustica realidade, enquanto levantamos a âncora do passado.
Para os predestinados a história não ignora, lavra para os anais em compêndios explícitos a diretriz, permitindo rever, adquirir e “beber” o néctar da diferença, gozando no presente aquilo que tem direito. “Cané” irradia uma onda de simpatia, no encontro mundano, um vaguear, em fase de ócio, a realidade.
Viana teve um sem número de jogadores de alto gabarito, que ofuscavam em qualidade, as vedetas, mas o epíteto de província arredava da galeria de ilustres, isto só para certos privilegiados dos grandes centros. Fadário suis generis de uma realidade passada.
A magia que o futebol, ainda hoje, permite, pela carência de “artistas” é de alegrias, aliadas ao prazer alimentadores de debates vulgo cavaqueiras de café.
Viana é cidade carenciada de futebol ao alto nível, obriga-se a viver em patamar mais discreto, um dilema que se arrasta há vários anos. Era necessário um “safanão” para colocar a cidade e o Clube na galeria superior, pois margem de progressão e qualidade existem, só falta o tempo com trabalho árduo e abnegado para justificar o atrás dito.
Vamos aguardar e com a esperança, sabendo que a base monetária tem a sua influência direta, um barómetro da realidade. Era necessário sentir o pulsar dos vianenses; encontrar uma configuração diferente, um objetivo ambicioso, dar as mãos em atitude unificadora, esperar um tempo…
Esta breve alusão à pessoa, à figura, por condicionantes adversas limitou-se. No tocante a Cané, por motivos de saúde, evitei ao máximo incomodar.
Bem haja por tudo e, continuada saúde.
Carlos Pacheco
N.R. – As inscrições para o almoço de confraternização, que decorre no dia 04 de agosto, devem ser feitas até dia 01 na sede do SCV e no jornal A Aurora do Lima. Ou através dos seguintes contactos: Amândio Silva (927 505 126); Bernardo Barbosa (914 732 397); Fernando Parente (936 540 041); José Natário (258 822 117); José Oliveira (969 045 463); Rui Viana (919 801 650); Sérgio Santos (964 047 400) e Bertinho (962 677 570).