Crónica das Imagens do Viver

Sons Efémeros… Conceitos do Momento…

Por toda a cidade e arredores as lojas com os mais variados arti­gos chineses expostos, quer nas portas de entrada, quer nas vitrines e, até mesmo, nos passeios públicos, a impedir a passagem dos peões, chamam a atenção para os passantes. O cumprimento dos horários de abertura e en­cerramento ao público deixam dúvidas, numa interligação de familiares a trabalharem horas seguidas e a fugirem, o mais possível, numa via dis­farçada, ao mercado empregador. Adoptam, com alguma frequência, o recur­so ao pagamento em dinheiro, argumentando variadas razões, numa atitude a ladear, perfeitamente, o cartão de crédito, porventura o recibo, pena­lizando, desse modo, o directo recurso do comprador. Mas a vontade do humano é livre. Só frequenta esses estabelecimentos quem o quiser. Caso existam razões de natureza fiscal ou outras na legislação portuguesa por cumprir são aspectos que me escapam, visto desconhecer, inteiramente, es­ses preceitos. Estou convicto que o cumprimento da lei, por parte das en­tidades fiscalizadoras seja, no entanto, igual à utilizada a nível nacio­nal para qualquer outro ramo de negócio.
Vem isto a propósito referir que, durante muito tempo, “o perigo amarelo” foi uma expressão usada pelo mundo ocidental para se referir aos povos asiáticos, mas de forma preconceituosa e discriminatória. A frase desagrada-me, sobremaneira. Todavia, sou obrigado, no contexto do mundo globalizado, a falar sobre o “perigo amarelo”. Não me refiro à dimensão humana de uma nação. Refiro-me, sim, ao perigo que pode representar, para o mundo, onde está incluído Portugal a exuberante economia chinesa. An­tes de analisar a ameaça, cabe deixar ressalvado, que não se trata de criticar uma civilização milenar, cujos feitos memoráveis, em todos os campos, contribuíram para a evolução da humanidade, mas, somente, no de­senvolvimento actual da cadeia produtiva. Há razões de sobra, no que to­ca, no caso concreto, ao mundo ocidental, onde viceja o dinâmico polo de confecções e moda, estarem todos preparados para enfrentar a reinvenção de um capitalismo retardatário e um tanto, talvez, selvagem. O crescimento espectacular da China tem deixado uma conta salgada a ser paga pela sociedade global e pela natureza. Além dos problemas ambientais, o apetite voraz pela conquista de mercados não é, apenas, decorrência de vanta­gens competitivas. A economia chinesa devora mercados, porque, a meu ver, viola os direitos de propriedade intelectual, abarrotando o mundo de imi­tações e produtos perigosos, como, por exemplo, no ramo de brinquedos, atingindo uma vasta malandrice nos calçados, na roupa, nos electrodomés­ticos, nos texteis, enfim, naqueles produtos de natureza essencial. Arra­sa os mercados, porque paga aos trabalhadores salários baixos e horários prolongados, num nítido contraste com os países ocidentais. O nosso polo de moda e confecções não está imune às ameaças do mundo globalizado. É compromisso de todos protegê-lo. Pode assustar, realmente, este termo, porque o nosso país, que corre fortes riscos, no deambular do desemprego, aliado ao nível de vida, nota-se, com alguma frequência, o encerramento de fábricas.

Nota: Esta crónica, por vontade do autor, não segue a regra do novo acordo ortográfico.

(Foto: “TV Europa”)

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