Contos e lendas dos antigos serões da aldeia

A Junta de Freguesia de Perre continua empenhada no melhoramento e higienização do local mais simbólico da freguesia, a Ponte do Arco, logo após o termo dos trabalhos de escoramento da sua estrutura. Este monumento perrense, cuja construção José Rosa Araújo localiza na época medieval, tem vindo a merecer a atenção do nosso Executivo, tanto no sentido da remoção de restos de obras infelizmente ali depositadas, como na reparação do velho moinho lá existente, ou na limpeza da área circundante e na consolidação de um espaço de lazer.

Naquele local são regularmente vistas algumas espécies, infelizmente já raras, como peixes e elementos terrestres e anfíbios. Uma das aspirações da Junta de Freguesia é a construção de uma pequena ponte, a montante da Ponte do Arco, que evite a passagem de veículos que lesam a sua ancestral estrutura.

Os mais velhos recordam certamente inúmeras histórias ou lendas abordadas durante os longos serões de aldeia, que impressionavam os de mais idade e roubavam o sono aos mais jovens. Recordaremos aqui uma dessas histórias, contada também por José Rosa Araújo (Serões I): “As feiticeiras de Sta. Marta de Portuzelo e de Perre reúnem no rio junto da Ponte do Arco, na última daquelas freguesias. Quem lá passar a deshoras, ouve-as gargalhar e vê-as dançar a dança de roda. Deve passar depressa e não olhar.
Uma vez passou por ali um velhote corcunda. Como era uma pessoa amiga da borga, parou, riu-se e avançou para elas, muito risonho. Mais ainda: tomou parte na dança, dando as mãos a duas velhotas que lá dançavam.

– Quinta e sexta, quinta e sexta, diziam elas no meio de grande galhofa. E ele ria-se também e repetia: quinta e sexta, quinta e sexta…

No fim, perguntaram elas umas às outras:
– Que se há-de fazer a este homem que tanto nos ajudou?
– Tira-se-lhe a corcunda!

E assim fizeram, e o velhote viu-se, num abrir e fechar de olhos, livre da gibosidade. E voltou a casa, todo contente.
Ao outro dia, contando-se o milagre, foi procurado por um tio, também corcunda.

– Como foi que te livraste da disformidade? E tanto insistiu, que o outro lhe revelou o segredo.

Na noite seguinte, lá foi ele, e vendo as feiticeiras a dançar, imitou o outro. E quando elas se puseram a cantar: – Quinta e sexta, quinta e sexta!… Ele atrapalhou-se e disse:
– Quinta e sexta… e sábado!

– Quinta e sexta, quinta e sexta!, gritavam elas.
E ele, entusiasmado, repetia e voltava a repetir na mesma toleima:

– Quinta, sexta e sábado!
As bruxas, furiosas, pararam o canto e a dança e perguntaram umas às outras, muito zangadas:
– Que havemos de fazer a este tipo que tanto nos contrariou?
– Põe-se-lhe a corcunda que o outro deixou!

E, dali para a frente, o homem ficou com duas corcundas.
O nosso obrigado ao amigo Miguel Moreira, que tanto se afadiga a procurar narrativas e costumes de antanho, sem os conservar apenas para si”.

 

Falecimentos

No dia 15 de novembro, pelas 11h55, faleceu a Sra. Laura Nicolau Araújo da Presa. A extinta detinha 93 anos de idade, era natural de Perre e residia na Estrada dos Ferreiros, lugar da Madorra.

No dia 22 de novembro, com 82 anos de idade, faleceu o Sr. Manuel Luís Morais Cerdeira, natural da freguesia de Perre e morador no Largo de S. Miguel, no lugar da Costa. Este nosso conterrâneo, juntamente com o seu irmão Gil, foi proprietário da Drogaria Confiança, em Viana do Castelo, que é local privilegiado de acesso da população desta freguesia.
Também no dia 22 de novembro, com 75 anos de idade, faleceu o Sr. Alexandrino Martins Duarte, que era natural da vizinha freguesia de Sta. Marta de Portuzelo e residia no Caminho da Grifa, na freguesia de Perre.

Ainda no mesmo dia 22 de novembro, com 88 anos de idade, faleceu a Sra. Antónia Moreira Afonso Jaco. Era natural de Perre e morava no Caminho da Vitória, no lugar do Vieito.
Todos estes nossos conterrâneos foram a sepultar no cemitério da freguesia de Perre.

Às famílias enlutadas, o “A Aurora do Lima” apresenta sentidas condolências.

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