A Arara do Tone

Faz parte do ambiente onde normalmente se move, o centro urbano da freguesia de Lanheses, a multicolorida e irrequieta arara estrangeira documentada, pertencente a António Rocha, que a estima e alimenta.

Frequentemente, seja na sacada da moradia do dono ou nos beirais dos telhados do povoado, chama a atenção pelos sons estridentes que emite e pelos voos rasgados no espaço do Largo da Feira, planando por baixo dos galhos das árvores ou por cima rente às viaturas que passam na estrada.

De quando em vez, aceita associar-se ao grupo de pessoas que se forma à frente de um café, acedendo ao chamamento do tratador dono, vindo pousar num dos seus ombros para receber e esmagar com o bico uma noz ou bolacha que ele saca do bolso e ela aceita e abre com facilidade na ponta do bico. Mas, cuidado, se intentam tocar-lhe a mão no dorso ou no extenso rabo azul que possui, corre o risco de experimentar a força incrível de uma tenaz, a negra e acutilante estrutura óssea que usa tanto para comer como para atacar.

Só ao Tone, o tratador, ela reconhece e aceita conversa. -Dá um beijinho, dá. O animal encosta a meia lua do bico à cara do Tone, e, por vezes, emite um som roufenho, como resposta. -Olá, olá, diz olá, pede o dono. A ave satisfaz o pedido e grasna, roufenha, ou coisa parecida, e para não ser mais incomodada solta as longas asas e vai-se.

Às vezes, a exótica Jacob, dá por esse nome, alarga o raio do voo para outras paragens. Já foi vista a perseguir e a lutar com gaivotas e com cegonhas-brancas, e por mais de uma vez a sobrevoar o estádio de futebol local com jogo a decorrer. Calculem quem é a principal vedeta…

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