A Arte do nosso quotidiano

Anton Tchekhov dizia que as obras se dividiam em duas categorias: as que lhe agradavam e as que não gostava. E que sobre arte não conhecia outro critério.

Considerado um dos maiores escritores russos, Anton Tchekhov (1860/1904), supostamente via a arte de uma forma linear: gostando ou não. É curioso porque se trata de um conceito universalmente perfilhado por boa parte dos cidadãos. Só que Tchekhov saberia apreciar o melhor do ponto de vista estético, percebendo bem onde estava a qualidade, em oposto ao que acontece com muita gente. Considerações à parte, só de forma esforçada entendemos suficientemente a arte que, para além de conhecimentos básicos, passa por observação cuidada e preocupação em entender a sensibilidade do artista expressa na obra. E nem sempre as primeiras observações e gostos resultam bem na escolha.

No tempo do Estado Novo, Viana promoveria, quando muito, uma dúzia de exposições em cada ano. Hoje, pelo contrário, há galerias em suficiência, públicas e privadas, em variados pontos da cidade, expondo formas artísticas diversas, de diferentes autores, vianenses ou não. Não faltam mostras para saber o que os artistas vão fazendo e o que pretendem mostrar-nos. Com ou sem formação artística superior, mais ou menos exigentes, figurativos ou com contornos abstratizantes, todos apresentam arte e todos gostam de ser visitados. Nunca perdemos nada em ir até eles, mesmo os que não passam de um certo amadorismo, porque jovens iniciados.

Há dias estive na Galeria Noroeste da Fundação da Caixa Agrícola, na Rua de Aveiro. Também ali se expõem temáticas alternadas, até porque o espaço a isso se proporciona. Presentemente, estão patentes trabalhos do arquiteto Marques Franco, mostra denominada “Tresleituras II”.

Alguém me tinha dito, de forma não depreciativa, que se tratava de uma exposição de artesanato. Mas o que ali temos é uma mostra bem interessante. Não de pintura, mas de pequenas esculturas em madeira, tendo como tema figuras e trajes tradicionais do Minho, e alguns, poucos, cabeçudos.

Só que é tudo bem diferente do que, habitualmente, neste âmbito, por aí se faz. Ali está bem patente a técnica, a ousadia, a criatividade e o bom gosto. Vê-las é um desafio, tal como as figuras, pela pose, nos interpelam a nós. E já que se falou de artesanato, ninguém desdenharia ter em casa algumas peças da artesã Rosa Ramalho, julgo.

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