A Aurora do Lima “entrou” em cena

Com pouco mais de uma hora de duração e o Teatro Sá de Miranda encheu-se para a estreia de “Solteira, Casada, Viúva, Divorciada”, que encerrou a edição deste ano do Festival de Teatro de Viana. Este, segundo números que nos foram referidos pelo CDV – Teatro do Noroeste, entidade organizadora, registou, no total das 10 peças apresentadas, entre os últimos dias 10 e 19, um total de 16 mil espetadores.

Naquela peça, a atriz Melânia Gomes, que, entre a meninice e a idade adulta, viveu em Viana do Castelo, apresenta-se em cena a ler A AURORA DO LIMA. A atriz encarna as quatro personagens da peça (“uma visita guiada a cada estado civil com uma atriz em estado de graça, que vai deixar tudo em estado de sítio”), que, em 2024, irá percorrer o país para, em 2025, efetuar a apresentação final, também em Viana do Castelo.

O texto, de 1993, é de quatro autores brasileiros, mas foi adaptado aos nossos dias e ao português de Portugal, por Mário Redondo, marido de Melânia Gomes.

Segundo nos contou, foi ela que quis que o jornal da terra que a viu crescer “figurasse” no elenco. “Pedi à Elisabete Pinto para me comprar o A AURORA DO LIMA. Tive a sorte de sair às quintas-feiras. Só tive pena de que, esta semana, não estivesse na capa o festival (tinha sucedido aquando da sua apresentação). Achei interessante”.

Fiquei surpreendida

“Foi uma estreia absoluta. Nem sequer ensaiamos com público. E foi na sala de ensaio. Como era um festival, só temos acesso à sala no próprio dia. Mas nunca testamos com público. Foi um processo particular, especial. Por isso, fiquei surpreendida. Muito agradada. Feliz com as reações. Acho que foi um excelente espetáculo”, referia a atriz.

Melânia considera, mesmo, que o texto é muito bom. “Foi um sucesso no Brasil. É um universo comum a qualquer realidade nossa e sabia que as pessoas, à partida, iam gostar. Agora, depende sempre do público. Há público mais expressivo, mais recatado, mas acho que, aqui, foi um bom público.”

Questionada sobre as diferentes personagens que interpreta ao longo da peça e como as interioriza, a atriz começou por observar que “todos os espetáculos vão crescendo ao longo da carreira. Claro que é um trabalho que fazemos anterior de pesquisa, de interpretação, do texto, de ver  e conhecer o universo dessa mulher. Depois, claro, com a rodagem do espetáculo, esse universo até vai crescendo e vamos descobrindo até mais coisas. Estamos sempre a descobrir coisas até ao último dia do espetáculo”, observa.

“Acredito, também, que, para isso, também contribuiu ter-me estreado na revista (primeiros 10 de teatro de revista e os últimos 10 mais comédias) e  nela ter estado muitos anos, isso ajudou.

Revista dá elasticidade

  “A revista dá-nos esta elasticidade. Saímos de cena, trocamos, voltamos, somos uma, depois outra;  com a rodagem, com a concentração, mantemos a personagem, não nos deixamos contaminar, nem perdemos. Embora, claro, tivesse, ainda, outros espetáculos pelo meio, como o da Companhia de Teatro de Almada, com o Joaquim Benite… mas não foram espetáculos para o grande público….”, acrescentou.

Acerca do panorama atual do teatro em Portugal, considera ser bom existir um pouco de tudo. “Quanto mais oferta, melhor. Depois, o público escolhe. Tenho feito sempre espetáculos mais comerciais, mais comédias. Sinto existir uma grande procura para este tipo de espetáculos.”

Já quanto à profissão de ator ou atriz de teatro, concorda que continua a ser muito instável. 

“Com o Covid foi desastroso, das profissões mais afetadas. Mas, pronto, quando uma pessoa escolhe esta profissão já sabe. Se se romantiza em relação à profissão, tem a ver com esta nova tendência de passar uma imagem só positiva e não se falar das dificuldades, como se as pessoas se estivessem a queixar. Acho importante as pessoas falarem dos aspetos negativos. Não com a carga de se queixarem – cada um escolheu a carreira que quer  – , mas com o sentido de deixar lúcido e claro às pessoas que existem obstáculos. Não é ator quem quer, não se faz um curso e um casting e fica-se famoso, é um trabalho de muita dedicação, de muita luta, de muita persistência, de muitas dificuldades. Até ouvir-se o primeiro sim, há muitos nãos. Há muitos castings que não são para nós. Depois, desmistificar ao máximo o ser ator e ser famoso. São coisas completamente diferentes.”

Começar a fazer mais cinema

Quanto às outras áreas da representação, defende que o cinema começa a ganhar espaço e vontade. “Só fiz três filmes. Comparativamente com as outras coisas, é o que tenho feito menos. Ainda é das poucas áreas onde existe um bocadinho de tempo, mais preparação, e até mais orçamento (depende dos filmes, claro).  Gostava agora de começar a fazer mais cinema”, conta.

Em perspetiva imediata, “só tenho de continuar os trabalhos que tenho em curso, mas no teatro. Como fazer digressão com este espetáculo, o mais possível, em 2024”.

Já na publicidade, nomeadamente na televisão, nota que não depende dela, mas trata-se sempre de algo efémero e temporário. ”Às vezes acontece, outras não. Hoje em dia já não há muitas publicidades em TV, acabam por ser mais nas redes sociais. É uma coisa que, para mim, não é trabalho… quer dizer, é trabalho porque deve ser remunerado e há um produto que vai vender; existe uma marca. É trabalho nesse aspeto pratico. Mas, para já, não é uma preocupação minha e, obviamente, faço-o de uma forma muito natural. Não implica estudo, nem preparação. Pelo menos, no que tenho feito. Publicidade é uma coisa praticamente instantânea.”

Teatro Amador Transfronteiriço

de amanhã a domingo

Terminada a 7.ª edição do Festval de Teatro (profissional) de Viana do Castelo, segue-se a 6.ª edição do Festival Transfronteiriço de Teatro Amador – PLATTA, também promovido pelo Teatro do Noroeste – CDV. Decorre entre amanhã, dia 24, e 26 de novembro, igualmente no Teatro Municipal Sá de Miranda.

Este ano o Festival PLATTA abre com A Herança da ATAL – Associação de Teatro Amador de Lanheses, amanhã, dia 24, sexta-feira, às 20h, na Sala Experimental do Teatro Municipal Sá de Miranda.

No sábado, às 19h, é a vez da companhia Trinomio Teatro de Castela e Leão apresentar Victoria, também na Sala Experimental.

No domingo, dia 26, às 12h, acontecem as Leituras Encenadas do texto [Sakura] La flor del cerezo de Sebastián Moreno, em castelhano, galego e português.

O Festival termina às 15h, com a apresentação de Arte do Hipócrita Teatro da Galiza, na Sala Experimental. 

A entrada é gratuita mediante levantamento de bilhete, até duas horas antes do início de cada evento, na Bilheteira do Teatro Municipal Sá de Miranda e na BOL – Bilheteira Online.     

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