Em nota enviada à nossa Redação, a Causal Real e a Real Associação de Viana do Castelo reagem ao discurso do Presidente da República no 5 de outubro. “Acreditamos que involuntariamente, cometeu, um erro factual, histórico, jurídico e político no seu discurso, que parece ter passado despercebido a alguns, porém que a outros, mais atentos, não deixou de ser notado”, refere, aludindo à afirmação de Marcelo Rebelo de Sousa quando diz “”A República resistiu… na repressão da ditadura militar e política, por natureza anti-republicana”.
A Real Associação considera que “foi dado a entender que o movimento monárquico não reprimiu também a ditadura militar e política, apesar da sua natureza anti-republicana, o que é falso.”. Explica: “a Constituição do Estado Novo não alterou a fórmula republicana ao longo de todo o período da ditadura, não obstante as suas alterações e quatro revisões constitucionais. Ou seja, Salazar e Caetano não mexeram na fórmula republicana, tendo aliás tido e mantido sempre militares na cadeira presidencial. Mais: a Família Real Portuguesa não voltou do exílio até à década de 50 do século passado, tanto assim que o Senhor Dom Duarte Pio de Bragança nasceu ainda na Legação de Portugal em Berna, por essa razão.”
Os membros da Causa Real e da Real Associação consideram que o Presidente da República “esqueceu-se de fazer a devida ressalva ao facto da Família Real Portuguesa, proscrita, inclusive por força de lei, ainda durante o Estado Novo, pelo facto de ser naturalmente anti-republicana, nem por isso deixou de ser um “empecilho”, digamos assim, à ditadura e nem por isso deixou de resistir, tal como o movimento monárquico em geral”.
“Há cinco décadas que a narrativa estatal da III República, desde logo nas escolas, faz uma espúria associação entre monarquia e ditadura”, observa-se, alertando-se para o facto de que “a democracia não é um exclusivo da República”.