Hoje, dia 15 de novembro, às 22h, no Teatro Diogo Bernardes, em Ponte de Lima, a Companhia de Teatro de Braga apresenta A Criatura, a partir de Quando Nós, os Mortos, Despertarmos, de Henrik Ibsen, com encenação de Lelio Lecis, Diretor da Companhia de Teatro Akroama (Itália), com interpretação de António Jorge, Eduarda Filipa, Rogério Boane e Solange Sá.
O espetáculo centra-se no conceito de criação artística, analisando a delicada sintonia que se cria entre o autor e seu trabalho. Lelio Lecis transporta o público para a última história contada por Ibsen, com o espectáculo A Criatura, uma obra dedicada à arte, aos sonhos e aos impulsos de paixão, onde a loucura e a morte se conectam com o sentido mais profundo da criação artística.
“A criação artística é para o seu criador a única possibilidade de comunicar o seu mundo aos outros, mas também a si mesmo”, explica o encenador, reflectindo sobre a intimidade da relação que é criada entre o artista e a sua “criatura”.
No geral, o trabalho representa a reflexão de uma extrema meditação feita pelo autor sobre si mesmo e sobre a sua própria arte, através do personagem de um famoso escultor (Rubek), actualmente idoso, que descobre ter sacrificado o amor pela arte e a própria arte pelo sucesso, acompanhado por imagens fervorosas, numa cadeia de atos de absoluto egoísmo. O escultor torna-se, de facto, famoso em todo o mundo, principalmente pela sua escultura sobre a ressurreição, que representa uma jovem mulher que se eleva em direção ao céu, a partir de um pedestal que parece uma terra povoada por seres humanos semelhantes a animais. Na realidade, o escultor deve sua fama mais ao pedestal do que à estátua.
O professor Rubek, o orgulhoso herói do drama, o homem que acredita ter conquistado a imortalidade e a glória, descobre nunca ter vivido. Então, ele tenta acordar do seu sono profundo, apenas para se entregar à morte.
Apesar das raízes nórdicas do espectáculo, o encenador consegue recriar no palco o sabor da terra da Sardenha: na verdade, da Sardenha respiram-se as luzes, os silêncios, a linha do horizonte, um nervosismo que nunca se torna neurose e o tempo que se divaga lentamente.
Lelio Lecis, que há anos estuda a relação entre o artista e a obra de sua criação, encontrou numa história do século XIX – a mesma que inspirou Ibsen na escrita de “Quando Nós, os Mortos, Despertarmos” – uma representação eficaz desse delicado relacionamento.