A Procissão do Corpo de Deus em Viana, no século XVIII

No âmbito das suas incansáveis pesquisas sobre o passado da nossa região, o amigo Miguel Moreira entregou-nos um documento que, pelo interesse de que se reveste, passamos a abordar. Trata-se da Procissão do Corpo de Deus em Viana, na qual se sentiu a influência dos abades Paulo da Cunha Souttomayor da paróquia de S. Miguel de Perre e doutor João de Barros Lima, da paróquia de Sta. Cristina da Meadela, “à frente dos mais párocos das outras paróquias do termo da vila de Viana”. Esta abordagem consta nos Cadernos Vianenses, Tomo XII, 1989, e resulta de um artigo assinado por J.C. Viana.

Refere este autor – depois de abordar o conceito da palavra Procissão e da respetiva origem, documentada pelo menos a partir do século II -, as “revelações de que foi protagonista Sta. Juliana de Mont-Cornillon, que influíram no estabelecimento em Liège, no ano de 1246, duma festa do Corpo de Deus…”, depois propagada pelo mundo inteiro. E também em Viana “se tornou grande e célebre pelo seu aparato e participação”.

Por mero acaso, o autor encontrou um documento no Arquivo Distrital de Braga, que esclarece em relação a antes e depois de meados do século XVIII, sobre o estilo, uso e ordem observados na Procissão do Corpo de Deus, em Viana e em Braga. Em epígrafe, lê-se no citado documento: “Registo de Edital por que se detremina a formalidade e composição que se hade observar na Procissão do Corpo de Deus que se costuma celebrar todos os anos na vila de Viana (e) sobrelas pennas nelle determinadas.

Ora, segundo o autor, a razão deste Edital resulta da ação dos citados abades de Perre e Meadela, à frente dos demais párocos das outras paróquias locais, que fizeram representação junto do Arcebispo de Braga D. José de Bragança, alegando que: Sendo costume muito antigo a imemorial de hirem com as cruzes parrochiais das suas igreias asestir a Procissão solemne do Corpo de Deos na forma q~ detreminavão as constituiçoens deste Arcebispado e se conservavão des do mesmo tempo na posse mança e pacífica de q~ os mordomos das suas igrejas levavão e hião asestir à ditta Procissão com as cruzes parrochiais das mesmas igreias e q~ na Procissão do Corpo de Deos q~ se celebrou este prezente anno os mandarão ir em diversos lugares em que era seu costume contra a dispozição de direyto e antigo costume em q~ athe ao presente se conservavão implorando do mesmo Sereníssimo Sr., fosse servido prover de remédio nesta matéria pª os anos futuros…”

E daqui resultou, por influência dos citados párocos, um decreto daquele prelado bracarense para “que o provisor deferisse a petição, definindo por Edital a ordem que se deveria observar quanto aos lugares em que devia ir o clero, párocos, regulares e confrarias nas procissões, especialmente na do Corpo de Deus, conforme o que se praticava na cidade de Braga. E, para maior decência, ordenasse que alguns clérigos de ordens menores ou sacras, das mesmas freguesias, havendo-os, ou doutras quaisquer, levem as cruzes respectivas”.

O abade Paulo da Cunha de Souttomayor exerceu em Perre durante 60 anos (1736/1795) e legou-nos um interessante conjunto de informações sobre o passado da freguesia de Perre, que abordaremos numa próxima oportunidade.
Foto: Arménio Belo

Falecimento
No dia 18 de junho faleceu, com 74 anos de idade, a Sra. Marta Parente Gonçalves Corucho, natural de Perre e residente no Caminho do Arieiro, também nesta freguesia.
A extinta foi a sepultar no cemitério de Perre.
À família enlutada, apresentamos sentidas condolências.

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