O Fundo Para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS), através da sua delegação regional de Viana do Castelo, tornou público a observação de um abetouro Botaurus stellaris na zona húmida de S. Simão. Esta observação já persiste há quatro meses, na margem esquerda do rio Lima, onde a ave encontrou o seu habitat preferencial e caniçais ou juncais.
Esta zona apresenta pastagens permanentes e pequenos bosquetes onde o salgueiro e o amieiro dominam. Existem também algumas manchas de eucaliptos e carvalhos, e grande parte desta zona húmida está coberta por um extenso juncal.
O abetouro é muito raro em Portugal. Esta ave chega até ao nosso país originária do centro e do norte da Europa.
O abetouro tem um aspeto inconfundível, em tons de castanho e cor de mel, robusta, com pescoço mais espesso, geralmente encolhido entre os ombros, patas curtas, com plumagem mais solta na garganta, com coroa preta, cauda curta e arredondada, em tons de castanho e amarelo – acastanhada. O uropígio apresenta um tom acastanhado e malhado. Apresenta um bico amarelo, direito e fino, com 70 a 80 cm de comprimento, com patas amarelo – esverdeadas de comprimento médio.
Em voo notam-se as suas asas largas, cujo batimento é mais rápido que o da garça -real, com a cabeça encolhida e as patas projetadas para trás. Anda a vau, levanta voo e pousa no solo.
É uma ave muito discreta e difícil de detetar. Raramente avistada no solo, mantém-se escondida nos caniçais. É mais fácil ouvi-la do que avistá-la. A sua presença é denunciada, na maioria das vezes, pela sua voz que parece o mugir de um touro. Quando alarmado, adopta uma postura de camuflagem apontando o bico para cima.
A alimentação do abetouro é variada, tendo por base peixes, anfíbios e insectos. O seu ninho consiste numa plataforma de ramos e caniços no chão. A sua postura consiste entre três a quatro ovos, que apresentam uma cor azul-esverdeado-claro, nidificando em Portugal apenas de forma esporádica.
Esta ave ou está perdida ou está a ganhar forças para continuar a sua viagem.
A preservação do abetouro em Portugal depende da manutenção em bom estado de conservação dos seus locais de refúgio e alimentação, da redução da pressão de abate ilegal e da monitorização da sua população.
Todas as espécies necessitam de três funções vitais para sobreviver: a água, o alimento e o abrigo.
Não se distraia. Proteja a nossa fauna!
Jorge Silva