A associação ambientalista Zero anunciou o lançamento do projeto “LIFE Food Connect”, de combate ao desperdício alimentar, uma espécie de “mercado” que junte doadores e beneficiários de donativos alimentares para fins de ação social.
Com o projeto, anunciado no âmbito da Semana Europeia da Prevenção de Resíduos (16 a 24 de novembro), este ano sob o tema do desperdício alimentar, evita-se a deposição em aterro de toneladas de resíduos, destaca a associação em comunicado.
O projeto, financiado pela União Europeia e com a duração de 30 meses, tem como objetivo a criação de uma plataforma (quer em versão online, quer em aplicação) que funcione como um local que agregue quem dá e quem recebe os alimentos.
Para quantificar o desperdício alimentar num contexto escolar de muitos utentes, a associação, segundo o comunicado, fez uma caracterização dos resíduos durante uma semana no Centro de Educação e Desenvolvimento Pina Manique, pertencente à Casa Pia de Lisboa, a primeira escola a implementar a abordagem Zero Resíduos em Portugal.
Citando dados do Eurostat a Zero recorda que Portugal é o terceiro país da União Europeia com maior desperdício alimentar, só depois de Chipre e Dinamarca, e que cada habitante de Portugal produz anualmente 184 quilos de biorresíduos procedentes de desperdício de alimentos ao longo de toda a cadeia (produção primária, indústria alimentar, retalho, restauração e consumo nas famílias).
Estima-se que o desperdício de alimentos nas habitações atinja quase 68% do total, o que equivale a 1,3 milhões de toneladas por ano.
“Uma elevada taxa de desperdício alimentar combinada com uma gestão de biorresíduos ainda incipiente leva a um verdadeiro desperdício de recursos, com a sua deposição em aterro”, alerta a associação no comunicado, acrescentando que na cadeia alimentar além dos biorresíduos também há os resíduos de embalagens por exemplo. E o tratamento desses resíduos “está longe do ideal”.
“Só na região de Lisboa, especificamente nos municípios da Valorsul, os biorresíduos constituem 41,8% do total dos resíduos urbanos, sendo apenas 3% recolhido seletivamente (27.685 toneladas, de um total de 341.500 toneladas) enquanto o resto está a ser incinerado ou depositado em aterro”, diz-se no comunicado.
Também no âmbito da Semana Europeia de Prevenção dos Resíduos, a Valorsul, empresa responsável pelo tratamento e valorização de resíduos urbanos da zona de Lisboa e região Oeste, lançou hoje, um projeto para promover a reutilização e a circularidade de materiais.
Segundo a empresa trata-se do “REUSE MAP”, uma plataforma online que mapeia e divulga atividades dedicadas à prevenção, redução e reutilização de materiais, além do combate ao desperdício alimentar nos 19 municípios da área de intervenção da Valorsul.
Na plataforma, o cidadão pode pesquisar e localizar projetos, lojas e instituições, organizados por categorias de serviços, como vestuário, mobiliário e outros utensílios, alimentos, livros, eletrodomésticos/eletrónicos, doações e reparações – todos dedicados a práticas sustentáveis e à promoção da economia circular.
Segundo a Valorsul o portal já tem 382 projetos identificados e mapeados, para promover a economia circular. E terá uma agenda dedicada a todos os eventos na área da reutilização, como feiras da bagageira e mercados de produtos em segunda mão.
Lusa