Augusto Silva e a construção do viaduto do cemitério: “Aplicar 1,7 milhões de euros numa obra que vai manter a divisão norte/sul da nossa vila não é a melhor solução”

Realizada durante a noite de 09 de março, a última Assembleia de Freguesia de Darque partiu, desde logo e se em comparação com as anteriores e recentes, de uma perspetiva diferente. O respetivo edital, devidamente assinado pelo presidente da Assembleia, António Fernando Pires Coelho, anunciava-o, de resto, enaltecendo o caráter extraordinário do encontro, assim como o único ponto votado a discussão: “Acompanhar e fiscalizar a atividade da Junta de Freguesia relativamente ao “projeto” do viaduto do cemitério”. 

Acorrendo à iniciativa, “A Aurora do Lima” e alguns darquenses (em número interessante, se consideradas algumas condicionantes, mas longe do desejável) puderam absorver o que se debateu. Embora alguns assuntos laterais acabassem abordados, nenhum outro foi, porém, tão considerado como o dito “projeto” do viaduto do cemitério. Salvaguardados os testemunhos da oposição local, constituída, na sessão, por elementos de PS e PSD, mereceu enfoque o conjunto de argumentos apresentado pelos agentes políticos a escrutínio: os membros do atual executivo, com especial menção para as intervenções de Augusto Silva, atual presidente da Junta. Foi, aliás, junto deste responsável que “A Aurora do Lima” procurou “extrair”, após a reunião, informações que, potencialmente, poderão supor a elucidação de todos a quem o tema interesse.

Foram, assim, lançados alguns princípios orientadores. Ao autarca de Darque pediu-se um esforço de contextualização, porventura, comprovado nas próximas linhas: “No âmbito do PEDU-Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano, foi aprovada em reunião de Camara Municipal no dia 22 de fevereiro de 2022, a adjudicação e minuta do contrato da Empreitada de Requalificação do Espaço Público da Quinta da Bouça Nascente. Esta obra consiste na continuação das Obras de Requalificação do Espaço Público da Quinta da Bouça nesta zona da Rua da Magnólia/EN13 e incluem uma passagem para peões, no atravessamento da antiga Passagem de Nível entre o Cemitério e a SIRD.

Esta solução proposta pela Câmara Municipal não é a que reflete a vontade da maioria da população Darquense. Desde 2017 que os eleitos da CDU, ouvindo os Darquenses, manifestam que é necessário aproveitar esta oportunidade para construir um viaduto para viaturas e peões. Não tendo sido esse o entendimento da Câmara Municipal, que se refugiava em questões de ordem técnica, para afirmar que não era possível construir um viaduto, o Executivo CDU, eleito em 2018, decidiu elaborar um Estudo Prévio, que concluiu que essa solução é perfeitamente viável.

Tendo o presidente da Camara Municipal de então, José Maria Costa, aquando do Ato de Consignação da Empreitada de Requalificação da Quinta da Bouça, na sede da Junta de Freguesia, em 17 de julho de 2020, afirmado perante os presentes, que o problema da construção ou não do viaduto se prendia com questões técnicas e não problema de “dinheiro”, o Executivo solicitou o agendamento de uma reunião para em conjunto se tentar encontrar uma solução de amplo consenso para a elaboração de um projeto de atravessamento da linha férrea.

Atendendo a que a reunião solicitada não foi agendada, membros do Executivo e Assembleia de Freguesia participaram na reunião de Câmara de 24 de setembro de 2020 e entregaram em mão, ao Executivo Camarário, o Estudo Prévio que demonstra que é perfeitamente viável a construção de uma Passagem Inferior Rodoviária”.

Enfatizando e lamentando “mais uma vez, agora com outro interlocutor, o novo presidente da Câmara, Luís Nobre, a ausência de diálogo institucional com os Órgãos da nossa Vila, democraticamente eleitos”, Augusto Silva não enjeita o investimento público em Darque. Para o autarca, “não existem dúvidas para ninguém de que o investimento na nossa Vila é bem-vindo e muito necessário. Não existem dúvidas, também, de que aproveitar todas as verbas disponíveis em candidaturas e programas é essencial”, assegurou. No que toca à construção que parece avizinhar-se, as reservas mantêm-se, todavia, nomeadamente, pelas circunstâncias associadas e possíveis efeitos causados: “Para o Executivo da Junta de Freguesia e para muitos Darquenses, aplicar 1,7 M€ numa obra que vai manter a divisão norte/sul da nossa Vila, não é a melhor solução”, completou.

A derradeira questão direcionada ao presidente da Junta de Darque, por este Jornal, prendia-se com o futuro. Procurou lançar-se o que aí vem ou, pelo menos, o que se pretende que suceda.  Pela resposta concedida, a prioridade estará definida: “Entendemos ser urgente o início do diálogo institucional entre a Câmara Municipal e os Órgãos Autárquicos de Darque, no sentido de se analisar, discutir e decidir sobre as prioridades para resolver o problema da mobilidade e acessibilidades, pois é inaceitável que em pleno século XXI, numa freguesia urbana, tenhamos fogos de primeira habitação e espaços comerciais, onde o único acesso aos mesmos é feito por caminhos de terra batida. Veja-se o que acontece, por exemplo, na Rua do Maçarico e na Rua Gustavo Eiffel.

A oportunidade perdida de, com esta obra, podermos iniciar uma nova ligação ao Centro de Canoagem, Escola, Casa das Artes, Pavilhão Gimnodesportivo, Cemitério, Campo de Jogos e mesmo projetar a ligação viária para nascente (de acordo com o Plano de Pormenor), leva a esta necessidade de discussão e decisão sobre a coesão territorial em Darque”.

A SIRD 

continua e recomenda-se!

Muitos pensarão que a SIRD é, hoje em dia, história e passado. Há quem não lhe veja ou reconheça atividade e iniciativas recentes, identificando a pouca ou nenhuma azáfama da sua sede. Contudo, a Sociedade de Instrução e Recreio Darquense está viva. A prová-lo, a colaboração na 1.ª Maratona BTT Vila de Darque. Ou a muitíssimo recente eleição dos Órgãos Sociais, de 07 de março. 

A presidir à Direção, continua Amadeu Palhares; Maria José Rego segue na liderança da Assembleia Geral, enquanto que Dalila Barbosa encabeça o Conselho Fiscal. De dúvidas desfeitas quanto ao presente, o tempo serve, também, para delinear o que acontecerá. Adivinham-se desenvolvimentos. Projetam-se novas obras de melhoramento, nas instalações. Planificam-se os mais variados eventos. De tudo isto e, possivelmente, de muito mais haverá de falar Amadeu Palhares, em entrevista já apalavrada com “A Aurora do Lima”, a publicar em breve.   

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