O administrador da Auto Viação do Minho acusou ontem a Câmara do Porto de ter imposto Campanhã como terminal de autocarros provenientes do distrito de Viana do Castelo, rejeitando uma paragem intermédia junto ao hospital de São João.
Luiz Costa, que falava após uma resposta da Câmara do Porto a um pedido de esclarecimento da agência Lusa, onde indica que “os dois serviços expressos provenientes do Alto Minho têm como paragem o Terminal Intermodal de Campanhã (TIC), conforme o pedido de autorização solicitado pelo operador à Câmara Municipal do Porto”, disse que a autarquia excluiu qualquer possibilidade de uma paragem intermédia junto ao hospital de São João.
“Nas reuniões que se realizaram, a Câmara [do Porto] disse, textualmente, que as paragens intermédias são só para carreiras. Para os expressos não há nenhuma paragem, a não ser no terminal. Ponto. E se disser o contrário está a mentir. Mas se ela [Câmara do Porto] quer que eu peça, eu peço. Se for esse o problema eu peço já, na segunda-feira. Para ter um chumbo, mas eu peço”, afirmou o administrador da empresa de transportes rodoviários.
Em causa está a mudança, no início do mês, do serviço dos terminais rodoviários na cidade do Porto para Campanhã levantando protestos de moradores no Alto Minho que recorrem ao Hospital de S. João, no Porto, para consultas.
Devido à alteração das regras, os utentes que até agora saíam do autocarro à porta do hospital têm agora de se deslocar até Campanhã e aí apanhar outros transportes públicos para o S. João.
“A Câmara do Porto disse, textualmente, que, para os expressos, não havia paragens intermédias, a não ser no terminal. Valeria a pena eu fazer algum pedido?”, questionou Luiz Costa.
Contactada pela Lusa, fonte da Câmara do Porto afirmou que “nada foi imposto” ao operador e que lhe foi dada a possibilidade de escolher entre a paragem intermédia da Asprela, a paragem intermédia de São João e o TIC.
A fonte acrescentou que o operador queria ficar com presença nas duas paragens intermédias, e que, ao não ser possível, optou apenas pelo TIC.
À Lusa, a fonte disse ainda que a autarquia está disponível para rever a solução para ir ao encontro da empresa mas que, assim sendo, terá de deixar o TIC.
Luiz Costa referiu ainda que nas várias reuniões em que a empresa participou, na Câmara do Porto, antes da entrada em vigor da “reestruturação” que a autarquia implementou no “acesso do transporte público rodoviário de passageiros à cidade”, alertou “para os incómodos e custos” que aquela decisão iria causar.
“Alertámos em todas as reuniões e disseram que não. Para os expressos, a única paragem era o terminal. Não há paragens intermédias. Se a câmara pensar diferente é só dizer que nós fazemos logo o pedido”, frisou.
Luiz Costa referiu que os passageiros “têm contestado muito” a decisão e garantiu que “tem sido um drama para muitas pessoas que chegam ao TIC e estão completamente perdidas”.
“A solução não se coaduna com as pessoas que utilizam os expressos para o hospital de São João, para o Instituto Português de Oncologia (IPO) e para os polos universitários (…). Fica mais caro o transporte do TIC para o IPO do que a viagem de Viana do Castelo para o Porto”, afirmou Luiz Costa, referindo-se “à comparticipação que Viana do Castelo e Esposende dão aos utilizadores frequentes destes transportes por razões de saúde”.
A Auto Viação do Minho assegura três expressos diários com destino ao Porto, disponibilizando no total 150 lugares. Também a rede Expressos garante ligação entre Viana e o Porto.
Numa resposta à Lusa, na sequência do apelo feito, na quinta-feira, pelo PCP de Viana do Castelo para que a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho se “empenhe” na resolução dos problemas causados pela retirada da paragem de autocarros junto ao hospital de São João, a Câmara do Porto justificou a medida com a necessidade de “diminuir a enorme pressão sobre o sistema viário que se tem vindo a registar”.
“Neste sentido, paralelamente aos investimentos realizados para construção/reabilitação de terminais na cidade do Porto, o município promoveu um conjunto de reuniões com os operadores privados de transporte público coletivo rodoviário de passageiros, respetivas Autoridades de Transporte (Área Metropolitana do Porto e Comunidades Intermunicipais) e o gestor dos terminais rodoviários, de forma a apresentar o plano e calendarização da alteração dos locais definidos para paragem término das linhas intermunicipais e inter-regionais dos operadores privados de transporte público” refere a autarquia.
Contactado pela Lusa, o presidente da CIM do Alto Minho, Manoel Batista, disse “não ter uma leitura muito objetiva da situação”, mas garantiu que irá inteirar-se sobre o assunto: “Verei com as equipas técnicas nas áreas dos transportes e jurídica se é possível alguma intervenção da CIM do Alto Minho. Seria incúria da minha parte dizer que vamos resolver o problema desta ou daquela maneira. Se a intervenção for possível, ela acontecerá”, sublinhou o socialista que também é presidente à Câmara de Melgaço.
Lusa