Barbearia Cartola persiste à passagem do tempo

Instalada na Avenida Alves Cerqueira, a barbearia Cartola existe há mais de 40 anos. Joaquim Gonçalves, prestes a completar 80, não quer deixar o ofício que começou a exercer por necessidade, mas que rapidamente o conquistou. O desejo é que o filho dê continuidade ao negócio.

“Eu já tenho 60 anos de atividade como barbeiro. Fiquei sem pai e mãe muito cedo e tive de começar a trabalhar”, revela Joaquim, enquanto está sentado num dos bancos de madeira, que o espaço comporta. 

Depois de ter exercido o trabalho militar e ter também passado por terras gaulesas, Joaquim Gonçalves voltou para a princesa do Lima e retomou o ofício de barbeiro. 

A barbearia deve o nome ao pai, o polícia Barbosa Lobo, e  a quem Joaquim Gonçalves quis prestar homenagem.

O espaço surgiu em 1977 no Campo do Castelo, passando depois para a rua de Altamira e há mais de trinta anos mudou-se para a zona da Ribeira. E com ele foram os clientes. “Tenho clientes já muito antigos. Só deixam de vir quando morrem”, assegura o barbeiro.

O espaço, embora pequeno, contempla duas cadeiras típicas das barbearias e o desgaste das mesmas revela a antiguidade. “Estas cadeiras eram da barbearia do “Cadilha”. Era o pai do procurador da República. Quando aquele já não podia tomar conta da barbearia, eu fui para lá e depois o filho deu-me o equipamento todo”, conta.

Natural da freguesia de Areosa, Joaquim Gonçalves tem clientes fiéis de vários locais do concelho de Viana. “Tenho clientes de todo o concelho. Os meus clientes são fiéis, porque eu não exploro ninguém. O meu preço é o antigo. Não faço atualização”, refere. Acrescentando: “os meus clientes são pobres e a barbearia também é pobre, por isso continuam a manter-se”.

O dia a dia de Joaquim é sempre diferente, mas entre cortes de cabelo e barbas desfeitas, as conversas não podem faltar. “Aqui falamos um bocadinho de tudo. O dinheiro que se ganha é poucochinho, mas com as reformas vamos equilibrando”, salienta. Adiantando que “tenho amigos que se não estivesse aqui nunca mais os via”.  

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