Celebrou-se no passado dia 26 de maio, terça-feira, o centenário de Ruben A., escritor e ensaísta. A Câmara Municipal de Viana do Castelo e o Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana elaboraram uma programação adequada para comemorar tal efeméride.
Abriu o dia de comemorações a Romagem ao Cemitério de Carreço, iniciativa do presidente da Câmara de Viana do Castelo, Eng.º José Maria Costa, em que estiveram também presentes o presidente da Junta de Freguesia de Carreço, Eng.º João Pinho, Ricardo Simões e Elisabete Pinto, em representação do Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana e Alexandra Leitão, filha do escritor, juntamente com carrecenses e amigos da família de Ruben A..
Junto da campa térrea onde Ruben A. está sepultado, como ele fez questão, o presidente da Junta de Freguesia de Carreço enalteceu Ruben Andresen e a sua obra, seguidamente o presidente da Câmara de Viana do Castelo fez o elogio da vida e obra do escritor e ensaísta e Ana Perfeito, do Teatro do Noroeste – CDV, recitou “Carta a Ruben A.” escrita por Sophia de Mello Breyner Andresen, prima de Ruben A., com quem o escritor teve sempre uma ligação próxima e de cumplicidade estética.
No mesmo dia foram publicadas nas redes sociais do Município mensagens de homenagem do presidente da Câmara Municipal, José Maria Costa, e do antigo embaixador e amigo pessoal de Rúben A., José Manuel Villas Boas.
Também utilizou as redes sociais o Teatro do Noroeste – CDV para a estreia da criação em vídeo “Sargaço”, com realização de Elisabete Pinto, e para a estreia do vídeo comemorativo “100 anos: Rostos e páginas de Rúben A.”, pelo Projeto de Comunidade do CDV, que inclui a leitura por 42 pessoas das Oficinas de Teatro Regulares. À noite, no Facebook do Teatro do Noroeste – CDV, foi transmitido um depoimento de Dália Dias, investigadora especializada na obra de Rúben A.. As comemorações do centenário terminaram com a transmissão do espetáculo “O Mundo à Minha Procura” (2015), com encenação de Ricardo Simões.
Ruben Alfredo Andresen Leitão, escritor e ensaísta, sob o pseudónimo Ruben A., nasceu em Lisboa em 1920 e faleceu em Londres em 1975. Estreou-se, em 1949, com Páginas, um misto de diário e de ficção. Seguiram-se o romance Caranguejo (1954) e A Torre da Barbela (1965), obra que é um dos seus maiores sucessos, e aposta na caricatura da psicologia portuguesa. A sua atividade literária, na década de 60, ficou marcada pela edição de três volumes autobiográficos, O Mundo à Minha Procura.
Em 1973, publicou a sua última obra, a novela Silêncio para 4. Ruben A. foi também professor no King’s College, em Londres, e funcionário da Embaixada do Brasil em Lisboa durante quase 20 anos, cargo que deixou em 1972. A seguir foi administrador da Imprensa Nacional-Casa da Moeda e diretor-geral dos Assuntos Culturais do Ministério da Educação e Cultura. Aceitou o convite da Universidade de Oxford para ser docente no Saint Anthony’s College. Três dias depois de chegar a Londres, morreu de ataque cardíaco. Ruben A. nutria uma paixão imensa pelo Alto Minho, manifestava uma forte afeição por Carreço, pelo que veio a construiu, em setembro de 1950, a sua casa de campo, no lugar de Montedor, à qual deu o nome de “Sargaço”, tornando-se assim carrecense por adoção. Descreveu a localização de Carreço com imensa mestria em poucas palavras deste modo: “Está assim Carreço numa suave e pequena encosta, aconchegada à montanha para não a temer e pouco distante do mar para este a não esquecer”, e assim, provavelmente por isto, quis ficar enterrado no cemitério de Carreço em campa rasa, na qual tem um poema de sua prima Sophia de Mello Breyner Andresen.
É uma realidade, Ruben A. deu-se muito à cidade de Viana do Castelo, com especial relevância às quatro semanas de música que ele organizou e animou entre os anos de 1965 a 1968, o que levou o executivo camarário em 2000 a ter em conta o seu amor à região vianense e pelo carinho com que lhe fomentou a cultura musical, foi agraciado, a título póstumo, com a medalha de mérito da cidade de Viana do Castelo.