São perto de 90 pescadores de embarcações de pesca local de Caminha, Viana do Castelo e Castelo do Neiva, que querem ter uma “compensação justa” pelos prejuízos que decorrem da instalação da plataforma do parque eólico flutuante Windfloat, ao largo de Viana do Castelo, um investimento de 125 milhões de euros de um consórcio coordenado pela EDP Renováveis.
Cerca de três dezenas estiveram ontem em frente à Câmara Municipal, tendo os seus representantes sido recebidos pelo chefe do município em reunião aprazada na véspera. O seu advogado, Pedro Meira, que a integrava, disse que iam aguardar os próximos dias.
Frisando que não estão contra as eólicas, Meira que tiveram conhecimento recente de que haviam sido concretizados algumas negociações com a associação de pescadores de Viana VianaPesca , que representará cerca de 10 por cento dos pescadores e que conseguiu uma compensação de um milhão de euros para os a 16 armadores de embarcações costeiras.
“Os das embarcações locais, a arraia miúda, esteve fora do processo negocial. Há uma revolta tremenda na comunidade piscatória e, nesse sentido, a comunidade local foi agendar reunião com essa própria associação e o presidente da Câmara Municipal. Este esteve sempre presente em todas as negociações, entre a concessionaria e a Vianapesca que se auto intitulou como representante da comunidade piscatória de Viana, o que não é verdade”.
A reunião na Câmara visou perceber qual a posição da autarquia, considerou-a produtiva e com “conclusões que guardaremos para nós”. “Vamos ter de trabalhar e arranjar soluções pacíficas e de encontro aos interesses de todos os envolvidos no processo”, sublinhou.
Pedro Meira considerou ter havido discriminação negativa para as embarcações locais e de positiva para as 16 embarcações costeiras
Por isso, aqueles querem uma compensação e soluções pacíficas, reconhecendo que não há soluções fáceis. Notou que há 30 barcos que trabalham junto ao cabo elétrico submarino e diretamente afetados .Mas há muitos mais de forma indireta.
Garantiu que irão aguardar de forma tranquila, dando conta da reunião que deverá ser marcada para os próximos dias com o secretário de Estado das Pescas, José Apolinário.
Aos jornalistas, o presidente disse que irá interceder junto do Governo. “Vou informar o secretário de Estado das Pescas desta reunião, das preocupações que me foram colocadas e pedir que seja marcada uma nova reunião para aprofundar a linha de trabalho”. O secretário de Estado das Pescas e a sempre estiveram abertos ao diálogo, observou.
Já Augusto Porto, presidente das profissionais de pesca de Caminha, queixou-se da Vianapesca de se ‘esquecer’ da maioria dos pescadores. ”Quando se compensam barcos que ficaram afetados em milésima de área e 70 embarcações ficaram de parte…”. O representante dos pescadores deu conta de que numa reunião realizada há mais de duas semanas na Câmara de Viana do Castelo, e onde marcou presença o secretário de Estado das Pescas, foi feita uma proposta aos pescadores de embarcações locais que ronda os 150 a 200 mil euros.
Augusto Porto adiantou que os pescadores de embarcações locais “estão dispostos a ir até às últimas consequências”, desde impedir a colocação dos cabos ou “cortes de estradas”. Mas isso seria sempre o último dos últimos recursos.