Manuel Carvalho e Domingos de Andrade foram os oradores da última “As Novas Conferências do Casino”, que decorreu ao início da noite de 15 de novembro, no Auditório Municipal de Ponte de Lima. Os diretores do Público e Jornal de Notícias, respetivamente, falaram do papel da Comunicação Social e o seu futuro.
“Um pouco da crise que a Comunicação Social atravessa atualmente é uma crise da cidadania”, começava por referir o diretor do Público. Manuel Carvalho, que foi o primeiro orador, manifestava que “não gosto de descrever o jornalismo como o quarto poder. O papel da Imprensa é ser contrapoder, seja económico, político…”. No entanto, fala de uma crise que se iniciou há uma década. “Há 10 anos havia um código de regras, e a capacidade de escutar e informar os cidadãos”, diz. Contraponde que atualmente os “meios de Comunicação Social estão mais enfraquecidos”. “Essa degradação da influência [dos media] é um perigo e um desafio para todas as pessoas que acham que as democracias são bens que temos de consagrar. Sem tolerância e sem respeito pelas ideias dos outros estamos a comprometer o espaço coletivo e a criar trincheiras”.
Para o diretor do Público além da sustentabilidade dos meios de comunicação, o desafio é “a qualidade do debate público”, dando exemplo da proliferação das redes sociais e da descredibilização das notícias. “receio que a disseminação da tecnologia e a intolerância que hoje existe sejam letais para o jornalismo”.
Domingos de Andrade pôs a tónica na sustentabilidade dos meios, contudo mostrou a sua oposição a qualquer apoio “direto” do Estado. Apelou a implementação de programas de literacia para os media.
O diretor do Jornal de Notícias, que o apresentou como jornal de “território”, falava da “inevitabilidade” do fim dos jornais em papel. Lembrando que “as edições online são mais uma plataforma”. Lamentando que “os cidadãos têm hoje, por garantido, que a Imprensa é gratuita”. Defendendo que o futuro é “termos maior cidadania e maior literacia para os media”.