Egídio Santos expõe no Navio Gil Eannes

A exposição enquadra-se numa valência criada pela Câmara Municipal da cidade, com o objetivo de fomentar o conhecimento do seu património imagético. Outras se seguirão com o mesmo fim, estando previsto que exponham, entre outros, José Pastor, Alfredo Cunha e António Homem Cardoso.

Esta exposição de Egídio Santos comporta um conjunto de imagens que retrata o quotidiano dos trabalhadores dos ex- ENVC, resultante de uma reportagem que o fotógrafo fez para o jornal “Independente” em 1991 e em mais duas visitas no ano seguinte. Não vale a pena falar muito do trabalho exposto, porque este nunca dispensará uma visita ao local, mas bem se pode dizer que estamos perante uma exposição de um grande fotógrafo, que conseguiu um retrato sentido da vida deste grande Construtor Naval que foram os ENVC.

Egídio Santos conseguiu captar aquilo que só um fotógrafo muito experimentado e de grande sensibilidade artística consegue. Os grandes fotógrafos são aqueles que têm o sentido de oportunidade e a perceção do que devem captar em cada momento, já que uma boa imagem pode transmitir um mundo de emoções. E isso poucos o conseguem.

Quem viveu os ENVC, olhando para estas imagens expostas, deixa-se regressar ao passado. Sente a dureza do trabalho da fábrica e o cansaço físico e emocional, mas, de igual forma, também a sociabilidade, a camaradagem, a entreajuda, a boa disposição, o sorriso cansado, mas indicativo de missão cumprida e tantas outras emoções.

No catálogo que acompanha a exposição diz Egídio Santos que “foi um trabalho feito por prazer, mas que acabou por se tornar uma memória visual de um tempo”. Mesmo que não o afirmasse, isso é bem patente em cada retrato. Circulando naquele espaço expositivo curto de um navio que, de igual forma, saiu das mãos dos operários dos ENVC, o Gil Eannes, sente-se o ambiente que tantos respiraram em cada dia ao longo de anos. E isto só é possível, de forma tão vincada e percetível, porque um versado fotógrafo chamou a si a responsabilidade de fazer este registo. Está de parabéns por isso e pela forma como soube disponibilizar para Viana, por valor quase simbólico, este espólio culturalmente valioso. De registar que o que está patente é apenas uma pequena parte do todo que foi adquirido pelo Município.

Estamos perante uma exposição de vista obrigatória, sem dúvida. Assim saberemos manter bem viva uma realidade que perdurou na nossa cidade ao longo de décadas, criando afetos que serão eternamente gratos.
GFM

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