Espetacular cortejo, em romaria de sucesso

Sob o tema “Melodia na Romaria”, mais de 800 figurantes, participaram no Cortejo Etnocultural, um evento dividido em quatro quadros: ABERTURA, HISTÓRIA DA MÚSICA, PORTUGAL E A MÚSICA, SANTA MARTA DE PORTUZELO E A MÚSICA. Assistência numerosa e entusiasta, ao longo de todo o percurso. Abriu a fanfarra da casa, que precedia o Brasão de Santa Marta. Seguiam-no muitas lavradeiras chieirentas, vestindo os diferentes trajes de Santa Marta, à frente do carro relativo ao Festival “O Coração do Folclore”, com os representantes dos grupos participantes, que logo os seguiam, exibindo-se, alegremente, numa primeira apresentação pública.

Entramos na história da música, com muito do que foi a sua evolução. Primórdios, na pré-história, antecedidos por um grupo de primitivos, a explorarem de cada objeto a melhor forma de extraírem sons. Aliás, adverte o autor, que «a história da música começa com a história do Homem». Com efeito, diz, na Idade da Pedra, «de uma cana ou de um osso se fez uma flauta, a corda do arco tornou-se a corda de uma guitarra e de uma pele esticada nasceu um tambor».

Voz e corpo, por sua vez, imitavam os sons da natureza. Percorrendo toda a idade antiga, surgem-nos recordações dos chineses, egípcios, hebreus, gregos e romanos, com relevo para a existência de música na China com mais de 7000 anos e de 5000, no Egipto.

Gongos, flautas, pipas, banhus e tambores vinham referenciados como os instrumentos da sonoridade chinesa conquanto, em relação à música egípcia, eram lembrados os cantos dos trabalhadores do Nilo e as serenatas de amor e festas religiosas, servidas por harpas, flautas, pandeiretas e adufes, entre outros. Registe-se a curiosidade de a autoria da pintura deste cenário ser do presidente da comissão de festas, o pároco Rev. P.e Christopher de Sousa. Um grupo de Hebreus introduz no cortejo a música hebraica, que nunca falha nas ocasiões especiais deste histórico povo bíblico, com menção da famosa canção Hava Nagila, executada por bandas em festivais judaicos. Euterpe, a musa da música na Grécia, seguida de deusas gregas a tocarem lira, sendo a flauta e a harpa outros dos instrumentos associados à mesma. Ainda dentro da Idade Antiga, o papel do Império Romano na sua evolução.

Tudo era grandioso e imponente, na imperial Roma antiga, e o som de búzios e trombetas ecoava no ar, festejando as vitórias romanas, com grandes desfiles militares, servidos pelas suas fanfarras. O canto Gregoriano é uma nobre entrada na Idade Média. Ele resiste ao curso da História, com compilação e unificação de cânticos eclesiásticos de diferentes liturgias, levada a cabo pelo papa Gregório I “O Grande”, com eminente trabalho na liturgia pré-Tridentina e, com a curiosidade, para os santamartenses, de ser um dos que identificavam Maria Madalena com Maria, irmã de Marta, da família de Betânia. (O cenário deste carro foi da autoria de Rita Sá). Ricardo Coração de Leão aproxima o fim da Idade Média. É o rei inglês, Trovador dos Trovadores, a que se junta a apologia ao nosso D. Dinis e uma resenha histórica das cantigas de amigo e de amor. Marco forte na Idade Moderna, o Grupo dos Compositores da Música clássica, de concerto e erudita, que encheu e enche grandes salas da Europa e de todo o mundo, homenageados através dos nomes de Vivaldi (1678-1741), Bach (1685-1750) e Mozart (1756-1791), ao lado dos congéneres Beethoven (1770-1827), Schubert (1797-1828), Chopin (1810-1849) e Verdi (1813-1901). E eis-nos no século XX, num trabalho intitulado “Woodstock – da POP ao Rock”, singular riqueza na variedade da criação de vários estilos musicais, com destaque para o Rock and Roll e a POP. Recordadas grandes bandas, como Beatles, Rolling Stones, Doors, Led Zeplinn e os nomes de Elvis Presley, Janis Joplin, Michael Jackson, Tina Turner, Madonna, em representação de tantos e tantos talentos, que arrastam multidões por todo o mundo, com relevo para o Hip Hop.

Bonita homenagem ao grande precursor, o ‘Festival de Woodstock’, catalisador da impaciência e revolta de uma juventude que gritava pela paz, nos finais da década de 60. Música Contemporânea – Open Dance, encerrou o capítulo da história da música, para entrarmos na sua relação com Portugal, logo com duas homenagens: à rádio e à música de intervenção, num louvor às canções ‘E depois do adeus’ e ‘Grândola, Vila Morena’, nas vozes de Paulo de Carvalho e Zeca Afonso. Não faltou o Festival da Canção, recordando vários nomes, com destaque para a vitória de Salvador Sobral, em 2017, interpretando “Amar pelos dois”, no Festival da Eurovisão, em Kiev. Fado, Património Imaterial da Humanidade desde 2011, com interpretação de “Havemos de ir as Viana…”, da Amália, na voz de Rosa Lopes. Chegados ao último quadro, a abertura pela Banda de Música de Pinheiro da Bemposta, credita a paixão que em Santa Marta sempre existiu pelas bandas de música e filarmónicas diversas. O Cartaz da Romaria de 2019, com a Concertina, a Cantadeira e o Vira, a que Inês Pinho e Alexandre Moura deram vida, seguidos dos Bombos, Lavradeiras, Gigantones e Cabeçudos, todos a envolverem alegria, colorido e som, são símbolos da nossa identidade, porque ‘SOMOS’ Romaria.

Música e Devoção a Santa Marta, com antigas intérpretes dos coros das virgens que, na procissão, entoam cânticos de louvor a Santa Maria Madalena e Santa Marta, com partitura centenária. Por fim, pequena réplica do andor de Santa Marta, no alerta de que por mais brilhante que seja a festa (que o é e foi), é a devoção a Santa Marta o seu sustentáculo maior. Duas últimas homenagens, a encerrarem o evento: ‘As mordomas de Santa Marta’ e a ‘Banda Club Pardilhoense’. Aquelas, singular património da Romaria e esta, para além da sua competência e exemplo na formação, por ser visita habitual, mesmo fora da Romaria, graças à boa vontade e disponibilidade do seu maestro.

Felicitamos a Comissão de Festas e o responsável pela organização, Ricardo Afonso.

Item adicionado ao carrinho.
0 itens - 0.00

Ainda não é assinante?

Ao tornar-se assinante está a fortalecer a imprensa regional, garantindo a sua
independência.