Falecimento de João Castro e Silva

A comunidade lanhesense tomou conhecimento do súbito falecimento de João Castro e Silva, ocorrido na terça-feira dia 11, com alguma incredulidade e muita consternação. Os problemas de saúde do creditado cidadão fundador da agência de seguros e escritório de contabilidade MEDISIL, sediada nesta freguesia, acompanhavam-no desde há muitos anos e eram amplamente conhecidos. Contudo, o internamento hospitalar com caráter de urgência a que recentemente tinha sido forçado perante uma crise aguda de saúde que lhe viria a ser fatal, não terá sido consequência do agravamento do padecimento crónico que o atormentou num largo percurso da vida, mas de uma patologia irreversível nunca anteriormente manifestada.

Conheci e convivi com o João desde o tempo da escola primária, ambos frequentámos, em cursos diferentes a Escola Industrial e Comercial, em Viana do Castelo, ele na área industrial e eu na comercial, os quais, depois de concluídos constituíram a respetiva carta de apresentação na procura de emprego.

Por volta de 1960 o João Silva era contabilista na extinta empresa detentora da marca do famoso queijo “Limiano”, a fábrica Lacto Lima, em Santa Comba, Ponte de Lima e eu, acabado de cumprir o serviço militar obrigatório, aceitei de bom grado a proposta por ele recomendada ao patrão para que me admitisse no escritório. Devo-lhe o primeiro emprego remunerado do meu percurso profissional, o qual durou apenas cerca de um ano, porque, entretanto, me foi oferecida pelo chefe da secretaria da Escola onde tinha concluído o curso académico a ocupação de uma vaga nos serviços administrativos com melhor remuneração, que vim a aceitar, tendo em vista uma carreira no quadro da função pública e porque o proprietário da fábrica não atendeu ao meu pedido para, pelo menos, a igualar em termos de remuneração.

Sem militância obsessiva ou aspirações desmedidas para vir a assumir cargos de destaque nas instituições da freguesia, o João desenvolvia, com paixão e simplicidade, uma atividade profícua em prol dos legítimos interesses pessoais, mas sem desprezar ou alhear-se da participação efetiva noutros assuntos do bem comum. A par da persistência com que se empenhava na função profissional com vista ao crescimento da carteira de angariador de seguros (classificada agora como mediador) e na procura clientes na área da contabilidade, ainda arranjava disponibilidade e tempo para, sem prejuízo da paixão que nutria pela filatelia, numismática, e arquivo de jornais locais, se ocupar da promoção do clube do coração, o Sporting Clube de Portugal, de que foi sócio, correspondente e ativo militante nesta localidade divulgando as iniciativas e feitos dos leões da capital, distribuindo brindes e panfletos. Deu, ainda, um valioso contributo, em tempo e em qualidade, na redação de publicações locais e regionais, designadamente, como correspondente de jornais.

Lenta, mas consistentemente a empresa que fundou cresceu e consolidou-se. Abriu escritório e admitiu funcionários para o gabinete do primeiro andar num prédio do lado oriental do Largo Capitão Gaspar de Castro, vindo a instalar-se posteriormente, desde há poucos anos, na Rua de Santa Eulália com equipamento e design modernos, onde agora labora e prospera, pujante e com futuro, sob a gerência do filho mais novo, Luís Miguel.

Para além dos amigos que soube granjear, da competência profissional e fidelidade aos princípios com que pautou a sua vida familiar e empresarial, bem como pela valia da participação pública nos temas comunitários, o João Castro e Silva, meu velho amigo contemporâneo, legou-nos um exemplo de estoicismo, de coragem e de fé na luta desigual que travou contra as tribulações que a vida lhe destinou.
Que tenhas a Paz que mereces.

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