Federação Nacional dos Médicos mantém greve em julho e não exclui agosto

A FNAM acusou o Ministério da Saúde de estar a tratar “os médicos como bolachas”. Em contrapartida, o ministro da Saúde critica as greves, enquanto a negociação ainda está a decorrer.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vai manter a greve para 5 e 6 de julho e não exclui outra em agosto, anunciou esta sábado a presidente, acusando o Ministério da Saúde de estar a “tratar os médicos como bolachas”. Em contrapartida, o ministro da Saúde critica as greves, enquanto a negociação ainda está a decorrer.

“O Governo tem tratado os médicos do SNS , e sobretudo a saúde em Portugal, com enorme falta de respeito (…). Temos greve marcada para a semana [5 e 6 de julho] e não excluímos a hipótese de fazer na primeira semana de agosto”, disse a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sá.

Em conferência de imprensa, no Porto, após um Conselho Nacional que durou mais de cinco horas, a FNAM acusou o Ministério da Saúde de estar a tratar “os médicos como bolachas”.

“Para a FNAM a valorização do trabalho médico tem de ser baseado no salário base e não em critérios de produtividade. Os médicos e as médicas não são como bolachas numa fabrica”, disse a presidente.

A confirmar-se a greve de agosto, esta será na semana em que se realiza em Portugal a Jornada Mundial da Juventude, um evento em Lisboa no qual está prevista a presença do Papa Francisco.

Para a FNAM é “inadmissível” que “após 14 meses” o Governo tenha apresentado aos médicos uma proposta de melhoria das condições salariais que, disse a dirigente, “mais parece um rascunho”.

A FNAM também “não admite que os médicos internos, que representam cerca de um terço do SNS, sejam deixados para trás”.

“Reivindicamos a sua integração no primeiro grau na carreira médica”, disse Joana Bordalo e Sá.

Para a FNAM, “dado o excedente orçamental e a importância do SNS”, é “fundamental que o Ministério das Finanças desbloqueie as verbas necessárias para que o Ministério da Saúde tenha vontade política de implementar as medidas necessárias para os médicos”.

Joana Bordalo e Sá avançou que já foram marcadas novas reuniões com o ministro Manuel Pizarro a 7 e 11 deste mês, sendo intenção da FNAM, nessas sessões, de apresentar “uma contraproposta relativamente ao rascunho” apresentado pela tutela.

Sindicato Independente dos Médicos anuncia greve nacional para final de julho

Também o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) anunciou, na sexta-feira, uma greve nacional para 25, 26 e 27 de julho em protesto contra “a incapacidade” do Governo em “apresentar uma grelha salarial condigna”.

O secretário-geral do SIM, Jorge Roque da Cunha, pediu que a FNAM se associasse ao protesto, bem como os profissionais do setor privado, estes últimos em 26 de julho.

A paralisação, no setor público, enquadra-se num calendário mais vasto de greves, em várias modalidades e regiões, que começa em 24 de julho com uma greve às horas extraordinárias nos centros de saúde e termina em 21 de setembro com uma greve na região Norte.

Está ainda agendada uma greve nacional dos médicos internos para 16 e 17 de agosto.

Entretanto, o Ministério da Saúde anunciou ter agendado para a próxima semana novas reuniões com os sindicatos dos médicos, após os encontros de sexta-feira terem terminado sem acordo.

Segundo fonte oficial do Ministério, a reunião com o SIM é já na próxima quarta-feira, enquanto com a FNAM haverá reuniões na próxima sexta-feira e em 11 de julho.

Lusa

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