Cerca de uma centena de feirantes concentraram-se, na última sexta-feira, no Campo d’Agonia, para apelar ao Governo que permita o regresso daquela atividade, parada há dois meses devido à pandemia de Covid-19, causando o “desespero de muitas famílias”.
“Temos mesmo muito urgência em voltar a trabalhar, em reorganizar as nossas vidas e, principalmente, de sair desta indefinição. Saber quando há diretivas do Governo que nos inclua em alguma fase do desconfinamento”, afirmou à Lusa, Isabel Lopes, uma das feirantes.
A ação, indeferida pela Câmara de Viana do Castelo devido ao estado de calamidade em que o país se encontra, começou cerca das 09h30, inicialmente com quatro feirantes, em representação dos vários setores de atividade.
A iniciativa, que durou cerca de uma hora, acabou por reunir cerca de uma centena de empresários, espalhados pelo Campo d’Agonia, no dia e local onde habitualmente se realiza a feira semanal com a presença de cerca de 200 feirantes, cerca de duas dezenas do concelho de Viana do Castelo, dos setores do calçado, vestuário, mobiliário, frutícola e hortícola.
Isabel Lopes explicou a “dimensão” que atingiu com o desespero do setor. “Não queríamos de forma alguma ter esta dimensão, porque não queremos perturbar a ordem pública, nem infringir o estado de calamidade vigente. O que precisamos mesmo muito é de fazer este apelo. Esta afluência, apesar de eu ter pedido para as pessoas não aparecerem porque não havia essa autorização, elas vieram na mesma. Isto reflete o estado de espírito em que estão por não verem datas, dados concretos e verem outras atividades a funcionar“, justificou.
Isabel Lopes disse ter conhecimento de “colegas que estão a passar dificuldades, sobretudo os que têm encargos com os filhos“.
“Temos todas as condições para trabalhar. Aqui em Viana do Castelo há muitos espaços vazios. Consegue-se garantir um distanciamento muito maior que o das prateleiras dos supermercados, onde muitas vezes as pessoas se cruzam com dificuldade em garantir um metro de segurança. Em Viana do Castelo estamos em vantagem, é um espaço grande, livre e aberto, que a nível de contágio não será onde as condições serão piores do que noutros espaços fechados”, frisou.
A ação terminou com um aplauso dos feirantes ainda presentes no Campo d’Agonia, após alguns terem desmobilizado a pedido dos organizadores.
A PSP marcou presença com agentes à civil que identificaram os organizadores daquela atividade.
REGRESSO DECIDIDO CASO A CASO
Entretanto, segundo informação esta semana divulgada pela CIM Alto Minho, os municípios da região encontram-se a desenvolver os planos de contingência “no sentido de criar condições de segurança (…)dentro dos requisitos estabelecidos pelas autoridades de saúde competentes”.
A operacionalização do regresso das feiras e mercados terá assim que ser efetuada caso a caso, refere, podendo existir a possibilidade de algumas das feiras começarem a operar a partir do final da corrente semana e de outras no mês de junho.
Já a estrutura distrital (DORVIC) do PCP veio afirmar “a sua solidariedade com a justa luta dos feirantes”, dando conta que o seu grupo parlamentar apresentou, recentemente, um Projecto de Lei que visa dar resposta a esta situação. Para o PCP , tornam-se urgentes “a promoção de linhas de apoio, de forma contratualizada, em função das necessidades do país, tendo em conta a situação destes homens e mulheres”.