‘Ferry’ Caminha-A Guarda sem previsão para navegar por assoreamento do rio Minho

O presidente da Câmara de Caminha disse, há dias, não haver previsão para o retomar das ligações entre a vila, no distrito de Viana do Castelo e, A Guarda, na Galiza, através de ‘ferryboat’ devido ao assoreamento no rio Minho.

Em declarações à agência Lusa, Rui Lages adiantou que apesar de estar prevista para 18 de setembro a conclusão da obra no porto da Pasaxe, em A Guarda, que levou à suspensão da travessia de ‘ferryboat’ Santa Rita de Cássia, em maio 2022, a embarcação não terá condições para fazer a travessia uma vez que o rio Minho se encontra “verdadeiramente assoreado”.

“Mesmo com a obra concluída no lado galego, o ‘ferry’ vai continuar parado por causa do assoreamento do rio internacional. Não há previsão para o retomar das ligações fluviais”, frisou

O autarca socialista, que falava na sequência de uma reunião que manteve hoje, em Caminha, com o seu homólogo de A Guarda, Roberto Carrero, disse que “o canal de navegação do ‘ferry’ está “completamente assoreado” o que impede a ligação fluvial entre os municípios vizinhos.

Rui Lages revelou que o município de Caminha “já solicitou à Direção Geral dos Recursos Marítimos (DGRM) o levantamento batimétrico do rio Minho para saber quantos metros cúbicos de areia é que têm de ser extraídos, mas ainda aguarda resposta”.

“É um levantamento importante para podermos solicitar as dragagens para retirar os inertes. Assim que obtivermos essa informação teremos de falar com o Ministério do Ambiente que, por sua vez, terá de articular com o seu homologo espanhol para agilizar a extração de areia”, referiu.

Na reunião que hoje manteve com o seu homólogo galego, Rui Lages disse ter ficado definido que “tanto do lado português, como do lado espanhol” os dois autarcas vão continuar a fazer pressão junto dos Governos dos dois países para resolver o problema”.

Na nota de imprensa enviada, os dois autarcas destacam ser “necessário encontrar financiamento por parte dos Estados para que o rio Minho possa ser desassoreado e garantir uma ligação fluvial mais robusta e efetiva”.

“Não só para que o ‘ferry possa navegar, mas também para que a pesca e as atividades náuticas possam acontecer de forma mais segura. A travessia do rio Minho é ponto comum de preocupação. Necessitamos de ter uma ligação efetiva e regular entre estes dois povos, que desde sempre viram o rio Minho como um espaço comum que nos une, mas a verdade é que, nestes últimos tempos tem vindo a ser um espaço que nos separa, por contingências alheias aos próprios concelhos”, referiram Rui Lages e Roberto Carrero, citados no documento.

No início do mês, em reposta a um pedido de esclarecimento da Lusa, a Portos de Galicia revelou que está prevista “para este mês” a conclusão da obra no porto da Pasaxe, em A Guarda, que levou à suspensão da travessia de ‘ferryboat’ entre Caminha e aquela localidade da Galiza.

A Portos de Galicia é a entidade pública com competência nos 122 portos dependentes da Junta da Galiza.

“O objetivo das obras é evitar o afundamento da atual estrutura e os riscos associados, nomeadamente o fim da atracagem no porto de Pasaxe, em A Guarda, onde se encontra o serviço ‘Xacobeo Transfer’ operado pela Junta da Galiza para o transbordo de passageiros – em grande parte peregrinos do Caminho Português [para Santiago de Compostela] – entre Portugal e Espanha”, descreve o gabinete de comunicação da Consellería del Mar da Junta da Galiza, na nota de imprensa enviada pela Portos de Galicia.

O ‘ferryboat’ Santa Rita de Cássia, que liga a vila de Caminha a A Guarda começou a cruzar o rio Minho em 1995, mas ao longo dos anos a travessia esteve várias vezes interrompida, em algumas situações por largos períodos, ou devido a avarias na embarcação ou pelo assoreamento do canal de navegação.

Desde maio de 2022, a ligação através do ‘ferryboat’ está interrompida devido a “problemas graves” no cais galego que impede a atracação do ‘ferry’ na margem galega com o mínimo de segurança”.

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