Na década de 1950 e 1960 a participação das freguesias do concelho de Viana do Castelo, nas festas da Senhora da Agonia, era um acontecimento que envolvia muita gente, sobretudo no sábado, dia do cortejo.
Era costume levar-se um farnel e no final do cortejo assistia-se à festa, no Campo da Senhora da Agonia até ao lançamento do fogo de artifício.
Como na época, os transportes eram escassos, a solução era caminhar a pé dos domicílios até Viana.
Vila Fria sempre participou no cortejo com o seu carro típico OS SERRADORES DO MONTE, que procurava fazer uma encenação do que era a vida no monte antes do aparecimento das fábricas de serração.
O promotor, uma figura muito popular na freguesia, o João Carones, que exibia com garbo a sua colaboração e participação nos festejos, posteriormente ficou o filho Manuel com a incumbência de manter a tradição, e sempre o fez com garbo como o seu avô.
O carro era imponente, com um tronco de pinheiro de grande dimensão, assente em cavalete na parte da frente, em que dois serradores, um no topo e o outro por baixo, serravam a madeira para a confeção de barrotes ou tábuas, para a construção civil. Mais atrás, mais dois troncos a serem serrados.
O abate das árvores, a confeção das refeições, também aqui encenadas, fazia parte das tarefes destes serradores.
Todo este grande carrão recriava o mais fiel possível a vida muito dura dos serradores, e nossos antepassados.
A força motriz para deslocar este enorme carro alegórico desde Vila Fria até Viana do Castelo, e em todo o percurso dentro da cidade, era efetuada por três juntas de possantes bois, que faziam o trajeto muito cedo a partir de Vila Fria, para não perturbar o trânsito na ponte Eiffel em Viana, embora o trânsito fosse muito reduzido comparado com os dos tempos de hoje.
Vila Fria sempre participou e o seu carro é um dos que se destaca no conjunto, embora atualmente a locomoção seja efetuada mecanicamente por trator.
A foto mostra a participação de Vila Fria no cortejo na época.