Fraco caudal do rio Lima atrasa chegada da lampreia

A época sazonal da pesca da lampreia no rio Lima ainda não está a decorrer de forma muito animadora para os pescadores de Lanheses. Para além das regras legais em vigor, agora mais exigentes, que regulam o exercício da pesca da lampreia, a baixa pluviosidade verificada não favorece a formação do caudal adequado à subida do peixe, a fazer fé nos conhecimentos empíricos dos pescadores mais experimentados. Daí resulta a fraca colheita obtida até à data e a impaciência manifesta dos pescadores que não veem compensado o trabalho e encargos que a atividade comporta.

Para os pescadores de Lanheses a pesca da lampreia mereceu, desde sempre, interesse e empenho, ainda que, na primeira metade do século passado o proveito económico fosse muito reduzido dada a escassez da procura por carência económica e desinteresse na inclusão do produto na dieta corrente das famílias naquela época mais viradas para os produtos de lavoura de produção própria. Ainda assim, navegavam naquele tempo, no rio Lima, em barcos de vela quadrangular redonda água-arriba, cerca de uma dezena de pescadores lanhesenses, os quais, além de exercerem atividade principal em transportes de mercadorias, se dedicavam também à pesca artesanal para consumo próprio e venda porta-a-porta do excedente. 

Atualmente, a lampreia chega a muitos lares e sobretudo ao cardápio dos melhores restaurantes e às “festas da lampreia” organizadas em inúmeros locais do país. Embora o maior consumo aconteça na fase sazonal, o peixe permite o congelamento sem perda de qualidade podendo ser consumido ao longo do ano segundo o gosto e preferência de cada um, sendo que as ementas mais comuns são com arroz, à bordalesa, assada no fumeiro, com feijão, etc. Esta prática é bastante comum entre os apreciadores emigrantes em especial no período de férias de verão.

A pesca nesta parte do rio Lima decorre a montante e a jusante da ponte de Lanheses e prolonga-se para nascente até à foz do rego da Silvareira, na freguesia de Fontão, Ponte de Lima, somando na fase mais produtiva cerca de uma dúzia de pequenas embarcações com motor fora de borda oriundas de ambas as margens. 

O produto escoa com facilidade por procura particular e comercial, variando o preço em função do tamanho do peixe, da qualidade de género e da fase da pesca, sendo que na fase inicial o custo pode atingir valores que superam em dobro do mais corrente o qual medeia entre os €15 e €25 de acordo com a procura e a quantidade disponível para venda.

O consumo de lampreia vai decrescendo na medida em que a temperatura ambiente vai aumentando e a pesca do peixe é diminuta. Para além disso, a tradição recomenda que é nos meses que têm “r”  que a qualidade da lampreia é garantida.  

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