Alguém que muito considero e estimo teve a amabilidade de me oferecer a fotografia aqui divulgada, a qual retrata o Largo da Feira, em Lanheses, em estado de obras de ampliação e arranjo numa planta que ainda se mantém. Não faz referência à data em que foi obtida, apresentando somente, no canto inferior esquerdo, a legenda: “FREGUEZIA DE LANHEZES ALARGAMENTO DO LARGO DA FEIRA”, com nome atribuído atualmente à destacada figura local e concelhia Gaspar de Castro.
Seguindo a monografia não editada da autoria do prof. Gabriel Gonçalves, o definitivo alargamento do atual Centro Cívico da freguesia ocorreu por volta de 1933, depois de obtido acordo com os dois últimos proprietários, um de uma pequena parcela de terreno, e outro de uma casa habitada onde esteve instalada a cadeia do concelho ao tempo em que vigorou a Vila Nova de Lanhezes, entre 1793 e 1835. Lida a planta inserida na obra atrás citada, o local da cadeia deverá corresponder aquele onde se veem por remover os materiais amontoados provenientes da demolição em frente ao edifício onde viria a ser construído em 1954 o edifício onde, até há poucos anos, esteve instalada a Junta de Freguesia, na esquina da rua de Santa Eulália e o Largo da Feira, bem como da casa dos herdeiros de Benjamim Vale e do edifício que foi moagem e posteriormente demolido para dar lugar ao que hoje ali se encontra.
A tentativa que fiz para confirmar a data da demolição não foi totalmente bem sucedida já que a pessoa idosa contactada que ali vivia ao tempo do facto, não foi tão precisa quanto o necessário, ainda que se recordasse bem os trabalhos efetuados em frente à casa onde morava (e ainda mora) a sua família.
Não obstante ser fácil aos lanhesenses a identificação do local, o Largo da Feira está atualmente bem diferente. Desde logo, o edifício à direita, com a identificação em baixo relevo do indicador “MOAGEM”; depois, a alteração do espaço entre este e a casa seguinte, bem como a falta das novas moradias logo a seguir, e da rua e do edifício da antiga Casa do Povo, convertido modernamente num centro de casas de negócios e serviços; mais à frente, numa moradia granítica agora requalificada e habitada, apenas não existe a edificação anexa. A seguir, a rua para aceder ao rio Lima já estava projetada, contudo, não aparece no começo uma pequena habitação. Ao fundo, e a seguir em frente, o edificado não sofreu alterações relevantes. No plano geral, as árvores são obviamente outras, o desenho dos passeios pedonais têm configuração e materiais novos, mantendo-se o traçado da atual estrada municipal 202, mas com piso alcatroado em cima dos paralelos. Fica por mostrar a ala norte quase toda constituída por prédios em pedra lavrada e parte do lado oriental do Largo.
REDODENDRO
É como se fosse um esqueleto com um coração a bater e faz circular na carcaça a seiva revitalizadora que lhe garante a vida, a um decrépito rododendro, seguramente centenário, existente no jardim particular da Casa do Paço (TH), propriedade dos Condes d’ Almada, em Lanheses.
Não obstante a visível degradação da parte maior do tronco e braço que ainda resta do enorme arbusto, é deveras surpreendente que, na ponta de um dos seus ramos cresça avantajado tufo de folhas onde brotam botões de futuras flores.
Pelo ambiente que o rodeia onde se desenvolveu, facilmente é constatável que este rododendro não teve atenção ou tratamento especial para lhe prolongar a vida, a não ser as podas sazonais e o corte dos ramos que ao longo do tempo iam ficando secos.
Desenvolveu-se, naturalmente, à sombra de uma japoneira gigante cruzando os seus longos ramos com os que estão mais perto do solo da sua natural cuidadora. Ali, passou por ele a vida de algumas gerações, floriu a cada primavera, envelheceu, envelhece ainda com insistente teimosia na disputa com o Pelourinho da antiga Vila Nova de Lanhezes, levantado a poucos metros, o honorífico título de mais resistente símbolo de longevidade da freguesia.
Esquelético, mas não morto!