José Araújo Passos da Silva (1939-2019)

José Silva faleceu na semana passada no Hospital de Santa Luzia, nesta cidade, após prolongado internamento no Hospital de S. João, no Porto, tendo sido sepultado no cemitério de Darque, na passada quinta-feira, dia 18. No ato fúnebre, como testemunhos de homenagem, apreço e saudade, marcaram presença inúmeros amigos, mas também muitas outras pessoas que, privando menos com ele, admiravam a sua forma de estar na sociedade. Estava aposentado como diretor bancário, patenteando ao longo da sua carreira, para quem bem o conheceu, mérito e profissionalismo.

Neste mundo agitado em que vivemos, quase sempre nos esquecemos que o tempo de vida é bem curto, que a morte pode acontecer a qualquer momento e, como diz José Mujica, o ex-presidente do Uruguai, “estar vivo é um milagre”. A morte espreita e quando menos contamos, traiçoeiramente, faz o seu trabalho, retirando-nos do mundo dos vivos e transportando-nos para outro lugar, que ainda não consegui compreender onde será. Esta é uma realidade que nos deveria merecer alguma reflexão, mas nunca de forma constante, porque pensar permanentemente na morte torna-se pouco saudável e tolhe-nos na função que temos enquanto vivos, que é sermos úteis para com a sociedade em que nos inserimos. E sem gente profícua, as sociedades tendem a cair no marasmo.

José Silva deixou-nos depois de ano e meio a ser assistido pela medicina, num combate sem tréguas à (contra a) morte que se instalou junto dele e dali não arredou pé até sair vencedora. Provavelmente, pela sua educação e pela naturalidade que manifestava na vivência com quem o rodeava, familiares e amigos, como todos nós, deve ter pensado e comentado muitas vezes que o tempo de existência tem limites e que a partir de determinada idade esses limites são curtos. Mas é evidente que ninguém está preparado para a morte, porque são poucos os que dizem que estão cansados de viver, por muito que a idade lhes pese com todas as consequências próprias das idades avançadas, que não era o seu caso.

José Silva partiu. Deixou amigos em abundância, porque os sabia fazer e cultivar. Cidadão elegante, de bom trato, incapaz de aborrecimentos com alguém, bem merecia estar no nosso seio mais algum tempo. Quando se falava com ele sentia-se que adorava viver e que a vida constantemente lhe dava mais vida. Mas na nossa existência nada mandamos, nem dispomos de meios para a prolongar quando ela teima em querer deixar de soprar. Até sempre, Zé Silva. Os crentes dirão até qualquer dia. Mas a única certeza que temos todos é que perdemos um homem bom que respirava simpatia por todos os poros.

Um abraço solidário para toda a família, com o desejo de que saiba minimizar o sofrimento que está a viver.
GFM

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