“As Mulheres do Meu País”, livro de Maria Lamas (1893-1983), relata a vida das mulheres portuguesas que a escritora procurou conhecer, percorrendo o país, entre 1947 e 1949.
A escritora e jornalista, não só reportou a dura realidade das mulheres portuguesas, que contradizia com o discurso oficial do Estado Novo, como, também, refletiu sobre ela, revoltando-se com a condição de pobreza e a escravidão dessas mesmas mulheres.
Mais de 70 anos depois, a reflexão continua, desta vez impulsionada pela jornalista e escritora Susana Moreira Marques, que escreveu e narrou os textos do filme “Um nome para o que sou”, e pela realizadora Marta Pessoa que, trazendo o trabalho antropológico de Maria Lamas para o presente, filmou, perante a obra, as reações das atuais mulheres do nosso país.
Duas delas, são as vianesas Inês Rego Marques e Marta Borlido, que a realizadora conheceu num trabalho cinematográfico anterior, enquanto membros do Grupo Etnográfico de Areosa.
O local escolhido para as filmagens de “Um nome para o que sou”, em Viana do Castelo, foi um dos locais mais belos da freguesia de Areosa, junto ao Largo da Boa Viagem e ao Ribeiro do Pego, casa reconstruída, no início do século XX, pelos tetravós de uma das jovens “leitoras”.
Recorda-se que a luta pela democracia e a liberdade, através deste seu documentário “vivo e sincero”, que também inclui fotografias da própria autora e desenhos de Fernando Carlos, levou Maria Lamas à prisão e ao isolamento (1949, 1951 e 1953), mas também ao exílio em França (1962-69), tornando-se este filme uma merecida homenagem das portuguesas de hoje.