Um juiz de instrução criminal decidiu hoje libertar o alegado autor de 20 incêndios florestais que deflagraram nos últimos cinco meses no concelho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo, devido à greve dos funcionários judiciais.
“O juiz de instrução criminal que estava de turno proferiu um despacho a ordenar a libertação do detido, justificando a decisão com o facto de não ter condições para a realização do primeiro interrogatório judicial, por falta de funcionários judiciais, que estão em greve. O arguido saiu em liberdade com o termo de identidade e residência”, explicou à agência Lusa, fonte judicial.
Em comunicado divulgado na quinta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) anunciava a detenção de um homem, de 28 anos, suspeito de, pelo menos, 20 incêndios florestais que se verificaram em várias freguesias do concelho de Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo.
A PJ de Braga referia que as duas dezenas de incêndios ocorreram entre 9 de abril e 28 de agosto deste ano, nas freguesias de Vila Nova de Muía, de Touvedo, de Paço Vedro Magalhães, de Vila Chã e de Lindoso, as quais, durante aquele período temporal, foram “sistematicamente atingidas por uma onda simultânea de incêndios florestais, causando alerta entre a população local”.
Em conferência de imprensa realizada na quinta-feira, após a divulgação do comunicado, o coordenador da PJ de Braga adiantou que o suspeito, residente na zona, é operário da construção civil, está inserido social, profissional e familiarmente, acrescentando que na origem da sua atuação estaria “o fascínio pelo fogo e pela movimentação dos meios” no combate aos incêndios.
António Gomes deu conta de que o detido, sem antecedentes criminais e com o 12º ano de escolaridade, é o principal suspeito de, pelo menos, 20 incêndios, que consumiram 120 hectares de floresta, entre abril e 28 de agosto deste ano, na zona entre a Ponte da Barca e o Lindoso, próxima do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG).
“Não poderei dizer se é um dos maiores incendiários do país. Mas a zona afetada tem grande potencial, pode provocar prejuízos avultadíssimos. Até pelo número de ignições, que são dezenas. Era um risco enormíssimo a sua conduta, a sua ação”, vincou Antonio Gomes.
O coordenador da PJ de Braga revelou que o suspeito “prestou esclarecimentos sobre algumas das situações, concludentes sobre alguns incêndios”, sublinhando que a investigação está em curso, havendo a forte probabilidade de ligar este arguido a outros incêndios ocorridos na mesma zona, nomeadamente em 2022.
Foi a “incidência muito grande de fogos florestais” naquela zona que levou a PJ a desencadear a investigação, que implicou a afetação “de meios humanos significativos”, com o objetivo de pôr cobro a esta onda de fogos.
A PJ apreendeu vários isqueiros ao suspeito, que não era fumador, sendo a chama direta a forma de atear os incêndios, quando o homem se deslocava na sua viatura entre o concelho da Ponte da Braça e a zona do Lindoso.
Lusa