Leiteiras da nossa Freguesia

O tempo de confinamento em que vivemos, provocados pela pandemia que grassa pelo nosso país, leva-nos a recordar outros tempos! Assim, hoje, com base nos escritos de Paulo Cruz, vamos recordar as Leiteiras de Areosa em jeito de homenagem.

Estávamos nas décadas de cinquenta/ sessenta, o leite que chegava à cidade de Viana do Castelo era proveniente desta freguesia e distribuído pelas Leiteiras de Areosa. Nesta época, o leite em saco ou pacote ainda não existia.

“De manhã ao alvorecer, as leiteiras, com grandes cestos de verga à cabeça, carregados de canados, dirigiam-se às casas dos lavradores que tinham gado produtor de leite, a fim de fazerem a recolha. Feita esta, era a vez da caldeação, pois era preciso que o leite tivesse o “ponto”.

Feita esta operação, seguiam a pé estrada fora, descalças, mesmo debaixo de chuva ou neve, algumas, calçavam alparcatas de borracha e lá iam a caminho da cidade, onde tinham de se dirigir à esquadra da Polícia, a fim de que o leite fosse examinado, o que às vezes, quando era detetado qualquer mistura ilegal, lhes podia acarretar, não só pesadas multas como até cadeia. Saídas da Polícia seguiam com os Canados e Medidas para distribuição ao domicílio.

Feita esta, por volta do meio-dia, havia um local de encontro que era na Rua de Altamira, na Taberna e moagem do José da Rita (Ritinha) onde saboreavam pão coado e as afamadas iscas de bacalhau, feitas com farinha e um pouco de bacalhau no meio, regadas com um copinho de Verde ou “Matarratos” que costumavam ser bons e assim ganhavam novas energias para encetarem a viagem de regresso a casa em grupos, criticando esta ou aquela, este ou aquele, pois quem desejasse saber novidades, era falar com uma leiteira.

Recordamos alguns nomes dessas leiteiras com o devido respeito: as irmãs Tomásia, que eram três, as Cadetas, mãe e filhas, a Tia Agonia do Real, as irmãs Teresa e Custódia do Chilgo, a Tia Rosalina do Moinho e a filha Teresa, a Tia Adelaide do Rufo, a Tia Adélia do Gaspar e filha Adélia, a Tia Sardona, as do Baeta, mãe e filha, a Tia Braselina do Reguinho e a filha Maria, a Tia Adelaide do Brandão etc. etc.”

A esta lista acrescentamos nós, a Aurora da Massa, a Gracinda Pereira e a Palmira do Cândido, falecida recentemente. Provavelmente haverá mais a acrescentar que desconhecemos. Pelo facto pedimos desculpa.

Aqui fica para memória futura esta pequena nota que penso, já poucos são os que se recordam.

Poema de Paulo Cruz – Leiteirinha
Quando passas/Latas brancas a luzir/ Teu andar, tem tanta graça,/ É tão lindo o teu olhar.

Vais levar o leite ao posto/Seja de inverno ou verão/A linda cor do teu rosto/É dos moços tentação.

Acabou o velho cesto/De latas a abarrotar/Que as leiteiras da Areosa/À cidade iam levar.

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