Um ano volvido, e a Sociedade de Carreço está no terreno a promover e a defender uma das nossas mais belas tradições. Assim sendo, no próximo dia 19 de outubro de 2024, às 19h30, tem lugar a concentração na barraca do Lumiar, e às 21h acontece a caldeirada de bacalhau e vinho novo, na SIRC.
As tradições da nossa freguesia são muitas e variadas, sobre cuja realidade não restam as menores dúvidas. Porém, apesar disso, já não podemos afirmar o mesmo sobre o uso, a manutenção, ou as vivências das mesmas pela nossa comunidade, porque neste caso constatamos um défice abismal entre ambas.
No entanto, podemos, e de certa maneira devemo-nos regozijar, por termos instituições bem vocacionadas para a conservação das tradições, facto que muito nos honra e orgulha como carrecenses. Está neste caso a tradição dos luarezes, com a Sociedade de Instrução e Recreio de Carreço. Esta instituição, pela mão do seu presidente, Manuel Moreira, em 2015 soube muito bem retomar esta velha e muito nossa tradição: a “Ida aos Luarezes”.
A partir de então, esta tradição passou a ocupar lugar de destaque na agenda dos eventos da coletividade, e já vai no décimo ano consecutivo que a SIRC a promove em tempo de lua cheia e vinho novo, pois são estas as duas condições fundamentais para que tal evento se realize, tal qual a tradição manda.
Ao consultarmos recentemente os nossos arquivos, deparamos com um texto publicado em 2003, de António Silva, ex correspondente do “A Aurora do Lima”, já falecido, no qual dizia: “Carreço é terra antiquíssima na história, com tradições curiosas que a modernidade das pessoas pouco a pouco vai esquecendo”. E sobre os luarezes também dizia o seguinte: “Na quadra das vindimas, já com vinho novo, um grupo de rapazes e raparigas ia apanhar os luarezes (lapas) ao lago do carocho, usando um aparelho de ferro para os desligar dos penedos. Acabado o trabalho, serviam-se de algum recinto junto à praia, para ao som do harmónio fazerem um animado bailarico…Chamavam-se luarezes por serem apanhados em lua cheia. Por vezes os rapazes pregavam alguma partida às moças, sobretudo quando elas pousavam os cestos para dançar”.
Sobre o texto do António Silva não temos dúvidas do que afirma: “a realidade da tradição e a capitulação para com ela. A descrição da tradição é tal qual aquela contada pela nossa mãe quando eramos jovens. E mais, ela dizia-nos que o harmónio era tocado pelo Cigalho”.
Eis aqui neste simples texto o motivo do nosso orgulho nesta tradição, uma tradição simples, mas que podemos interpretar o quanto era importante para os nossos antepassados, pois era festa, convivência, partilha.
Saibamos nós conservar agora estes momentos que os luarezes nos proporcionam, e continuarmos ano após ano a irmos aos luarezes, para transmitirmos aos vindouros o que é nosso. Mas, para este ano, e para que isso aconteça, não esqueçam as recomendações da Direção da SIRC, portanto: Não faltes. Vem retomar uma tradição.
Atenção: as inscrições são até ao dia 17 de outubro.