Maria João assume chieira por ser a cara da Romaria

 

Natural de Viana e a morar em Santa Marta de Portuzelo, Maria João Soares é a mordoma do cartaz oficial da Romaria em honra de Nossa Senhora d`Agonia. Com 23 anos orgulha-se de ser vianense e é isso que vai mostrar de 17 e 20 de agosto. Em todos os pontos altos da festividade marcará presença e vai “aproveitar ao máximo”.
Estudante de Psicologia, em Coimbra, não dispensa o regresso a Viana a cada fim de semana. É nesta dicotomia que encontra o “equilíbrio”. Com uma grande ligação à terra e à família, Maria João Soares vai desfilar com o traje e o ouro da memória. O lenço de seda tem perto de 100 anos e o traje é uma réplica fiel das mordomas de outros tempos. No ouro também não faltam alguns dos acessórios mais tradicionais, como o trancelim, a gramalheira, os brincos à rainha, o cordão, entre outros. No cartaz, enverga um traje de mordoma com colete, bordado a vidrinho luar, um traje mais rico e que era usado pelas mordomas das famílias mais abastadas. Maria João explica que o traje é uma réplica de trajes antigos, mas que conta com elementos muito antigos e peças singulares.
A responsabilidade por ser a cara da Romaria vem acompanhada do orgulho em ser a primeira da família a assumir tal função.

Como é seres a cara da Romaria d`Agonia?
É uma grande responsabilidade, como já tinha dito na apresentação do cartaz, mas é algo novo e que será uma experiência única e vou desfrutar ao máximo.

Em que sentido este acontecimento transformou a tua vida?
Tem sido só coisas muito positivas. As pessoas passam por mim na rua e ficam a olhar. Depois de me reconhecerem, parabenizam-me pelo cartaz e por ser a mordoma de 2018. E perguntam-me como foi o processo e o que sinto.

Depois da apresentação do cartaz, também já participaste em alguns eventos.
Sim, já participei em alguns eventos, nomeadamente na Feira Internacional de Artesanato, que decorreu na Fil, em Lisboa, em junho. No lançamento da revista “A falar de Viana”. Marquei também presença na abertura da Feira de Artesanato, no jardim e ainda na inauguração da exposição dos cartazes deste ano. Há uma série de eventos onde vou participar, mas faço-o com muito orgulho em representar a minha terra.

Vais desfilar com o traje do cartaz?
Exatamente. Quer na mordomia, quer no cortejo vou desfilar com o traje de Mordoma, que as pessoas vêem no cartaz.

Qual a especificidade do traje?
O traje que tenho é o de Mordoma e consiste num traje sóbrio. Um traje elegante. É uma réplica de um traje muito antigo. O lenço que utilizo é de seda natural e é quase centenário. Faço parte do grupo folclórico das Lavradeiras da Meadela, que tem quase 84 anos e esse lenço já existia. As mordomas eram as filhas dos mordomos das festas e envergavam esse traje quando iam às festas das freguesias e às festas da Senhora da Agonia.

Vai ser esse o traje que vais levar?
Sim, será esse o traje que vou utilizar nos diversos desfiles e nos vários momentos onde estarei presente.

O traje pertence à tua família?
Algumas peças do traje pertencem ao grupo Folclórico e outras são de um elemento que colabora comigo no trajar e ourar.

E o ouro que tens é também da família.
Sim, é ouro da família, mas também dessa pessoas que colabora comigo e faz parte do grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela. É constituído desde o cordão, o trancelim, as medalhas, a gramalheira, a custodia, os brincos à Rainha, o Coração de Viana. São elementos fundamentais e característicos da nossa região e que tem de estar sempre presentes.

A Romaria também representa a ligação à família.
Sim, e isso verifica-se em diversos momentos.

Em que vários momentos estarás presente?
Vou estar presente nos desfiles da Mordomia, no Cortejo Etnográfico. Vou também estar na Procissão ao Mar. E tudo o que engloba os momentos altos da festa.

Estarás sempre com o traje.
Sim, com o traje, que tenho no cartaz. Disponível para as fotografias e com o sorriso no rosto.

Serão dias muito cansativos?
Serão cansativos, mas muito gratificantes. Tenho a certeza absoluta.

Já tinhas participado no desfile da Mordomia?
Já participei várias vezes como elemento do grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela.

Mas agora o destaque é maior.
Este ano a responsabilidade é maior, mas acho que será muito giro e vou aproveitar ao máximo.

Alguém da tua família já tinha sido a Mordoma da Romaria?
Não, ainda não. A minha prima Helena, uma das designers, já tinha participado em conjunto com a Sara no concurso de cartazes. E já tinham ganho uma outra vez, em 2014. Como rosto das festas é a primeira vez.

A tua família costuma participar nos desfiles?
Os meus pais vivem as festas d’Agonia de outra perspectiva. Como têm um restaurante e nestas alturas a cidade fica cheia, para além dos residentes locais, com o turismo e emigrantes, o comércio trabalha para servir da melhor forma os clientes. No entanto, este ano, claro que a participação de todos será diferente!

As tuas memórias da Romaria d´Agonia eram a trabalhar?
Não, de todo. Recordo-me de, em pequenina participar no cortejo, trajada de Mordoma, e de ver vários pontos altos das festas com os meus avós e familiares. Recordo-me que ansiava para ver o fogo de artifício no campo d`Agonia e lembro-me da confusão, no bom sentido, a azáfama, que era a cidade durante estes dias. De toda a gente a tirar muitas fotos, os sorrisos nos rostos. É quando está toda a gente feliz, alegre e todos muito ansiosos em registar os momentos. Ver as mordomas, lavradeiras, os bombos, o barulho, a confusão. As pessoas que não conhecem ficam radiantes e querem voltar. Eu tenho esta imagem. Mais recentemente, desde que me tornei elemento do GFLM, isto é, há mais de uma década, comecei a participar mais ativamente nas festas ao longo dos anos, nomeadamente, na mordomia, no desfile “Vamos para o Festival”, no Festival Folclórico e na festa do traje! Neste momento vejo as festas da mesma forma, mais ainda com mais intensidade.

Portanto, acreditas que isso também vai acontecer este ano.
Sim, acredito, porque anualmente verificamos isso mesmo. Toda a gente com muita expectativa em relação a tudo o que vai acontecer.

Seres a cara das festas altera a tua forma de olhar para a Romaria?
Não altera em nada, porque sempre tive um carinho muito especial pela Romaria. Faço parte do grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela desde os 10 anos e tenho 23. O sentimento que tenho exprime-se em responsabilidade porque sei o que a festa representa e implica e de gratidão muito especial por ter a oportunidade de viver esta experiência. Vejo as festas de uma forma ainda mais positiva, porque é uma experiência única e vou aproveitar ao máximo para mais tarde recordar com felicidade.

O que esperas?
A expectativa é divertir-me e aproveitar ao máximo e ajudar a divulgar aquilo que é tão nosso, tão bom, que é a Rainha das Romarias.

No desfile participam várias gerações.
Exatamente. Vemos dos mais pequeninos aos mais velhos e sempre muito felizes. A riqueza das festas é mesmo essa. É uma Romaria de tamanha dimensão, onde toda a gente tem oportunidade de participar. Todos querem dar a cara por Viana. Mostrar o nosso traje à vianesa e o ouro que tanto nos caracteriza. Mostrar o orgulho em ser vianense.

A mensagem é essa.
As pessoas pretendem dizer que gostam de ser de Viana. É a tal chieira como se diz.

Estás a estudar em Coimbra e Viana o que significa?
Para mim é fundamental vir a Viana. Consegui vir quase todos os fins de semana durante os anos que estive a estudar em Coimbra, porque para mim esse equilíbrio é fundamental.

 

Protagonista

Nome – Maria João Soares
Idade – 23 anos
Profissão – Estudante de Psicologia na Universidade de Coimbra.
Expectativas para o futuro – Estou a terminar a tese e espero trabalhar na área que gosto.
Tempos livres – Ando no grupo Folclórico das Lavradeiras da Meadela e isso já ocupa muitos dos meus tempos livres. Gosto muito de integrar o grupo e tenho lá muitos amigos. Também ocupo os tempos livres com idas ao cinema, ver séries, viajar, ler, estar com os amigos e a família.

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