Mercado dos Descobrimentos termina na Praça da República

A edição deste ano da Feira Medieval, que teve a designação de Mercado dos Descobrimentos, mudou de local e teve mais um dia. O encerramento aconteceu na Praça da República com a leitura de parte do foral afonsino entregue à cidade de Viana da Foz do Lima por D. Manuel II. Este ano, a edição decorreu no Forte de Santiago da Barra, mas a maioria dos vendedores presentes apontou algumas falhas à organização. 

Fernanda Arieira, presidente do grupo folclórico Ronda Típica de Carreço, dizia que “para nós, este ano foi fraco. A nossa localização foi muito má”. O espaço de restauração estava no interior do castelo de Santiago da Barra, havendo vários constrangimentos nas noites de sexta e sábado para entrar e sair daquele espaço. “Apesar de anunciarmos nas nossas redes a nossa localização, a maior parte das pessoas não sabia onde estávamos. Como havia pontos de restauração no exterior, a maioria das pessoas já consumia lá e quando chegava aqui já não o faziam”, lamentava Fernanda Arieiro. Esta responsável garantia que “preferimos o formato no centro histórico. Lá temos mais turistas que nos visitam. Aqui não notámos essa presença”. Acrescentando que “a restauração deveria estar toda junta. Os que estão lá fora foram muito beneficiados”. A presidente da Ronda Típica diz que “somos um dos dois grupos folclóricos do concelho que participámos na iniciativa e sendo assim teremos de avaliar a nossa participação no futuro”. Aconselhando: “deveriam colocar toda a restauração ou no interior da muralha ou lá fora”.

Carla Gonçalves é voluntária da Associação Gatos de Ninguém, que também criticou a localização atribuída. “Foi-nos atribuído um lugar por onde ninguém passa [estavam atrás de uma parte da muralha]”, lamentava. Acrescentando que “ficámos deslocados. As pessoas que vêm é porque sabem que estamos aqui e procuram-nos”. Outra voluntária dizia que a organização do Mercado dos Descobrimentos permitiu que alguns comerciantes saíssem daquele local, levando a que a barraca da Associação ficasse isolada naquele espaço. “Ou saíamos todos ou não saia ninguém. Ontem [sábado à noite] passou mais gente, porque o local de passagem normal estava entupido e as pessoas circulavam por trás da muralha e viam-nos aqui e compravam alguma coisa”, diz. “Uma forma da autarquia nos ajudar era dar visibilidade às associações, mas desta forma ficamos escondidos e com pouca capacidade para conseguirmos verbas para fazer face às nossas despesas”, lamenta.

Vendedores dizem que houve “duas feiras”

O responsável da “Taberna Ponto de Encontro” é um participante da Feira Medieval de Viana do Castelo desde 2014 e considerava que “este ano houve duas feiras. Uma fora do castelo e outra dentro”. Jorge manifestava que “estava dentro do castelo e não correu bem, porque as pessoas comeram e beberam lá fora e depois vieram cá dentro para passear”. Lamentando ainda que no interior não houvesse também casas de banho. “Estamos cá nós, mas se não estivéssemos não se passava cá nada”, assegura o comerciante de Coimbra. Informando que “foi a organização que distribuiu os lugares” e que “os custos de participação triplicaram”. Para o empresário foi “o pior de sempre. É apenas para cobrir as despesas. Lá em baixo [Jardim Municipal] pagávamos muito menos. Todos pagávamos o mesmo independentemente dos metros. Aqui em cima, os da terra pagam 20 euros o m2 e os de fora pagam 30 euros, o que é injusto. Se era para experimentar algo novo deviam manter os mesmos valores”. 

Rui Matela era o responsável pela tenda de artesanato “Catarte” e estava localizado perto do tanque público da Ribeira. “É o primeiro ano que estamos aqui. E achei que é uma iniciativa que juntou muitas pessoas”. O artesão de Bragança manifestava que “o espaço é muito bom e junta muitos visitantes”. 

Noémia Samina participava, pela primeira vez, na iniciativa organizada pela VianaFestas. A empresária da zona de Loures vendia hidromel, pregos no bolo do caco, cervejas e outros petiscos e lamentava a falta de caixotes do lixo próximo da maioria das barracas de restauração. “O espaço acho que não está bem organizado. Deveríamos estar organizados por áreas. Ou seja, a restauração deveria estar toda junta e deviam aproximar as costas das barracas para aproveitar os espaços”, aconselhava. Acrescentando que “as organizações deviam ser sinceros e dizer que já não há lugar para alguns, porque há barracas que vendem os mesmos produtos e na minha opinião não faz sentido”. Lamentando ainda o facto do horário de funcionamento decorrer desde as 11h de sexta-feira. “Estamos aqui desde as 11h de sexta-feira, são muitas horas, e acabamos por não vender nada”. Noémia Samina dizia que “a minha vida é isto. Não vou com prejuízo, mas a organização tem de repensar estas situações”.

António Duarte estava localizado no Campo d’Agonia e era o responsável da “Bocados do Convento” e manifestava que a mudança de localização ficou “melhor”. O empresário participava pela segunda vez na iniciativa e salientava que “a feira fica menos dispersa, porque anteriormente tínhamos de ser distribuídos pelas ruas do centro histórico”. Aconselhando que “a organização deveria melhorar a decoração. Uma vez que é um Mercado dos Descobrimentos devem apostar nesta área”.

Alfredo Martins, natural de Barroselas, mas a residir em Aldreu, Barcelos, tinha uma barraca de pão no Mercado dos Descobrimentos. “Fazemos esta feira talvez há oito anos”, dizia. À pergunta: “o que achou desta mudança?”, responde: “prefiro ganhar metade e voltar para o mesmo sítio. Na minha opinião, o espaço envolvente, as ruas, as pessoas, não trocava. Nem na caixa sinto que a mudança foi melhor. Houve menos pessoas e bem menos”, afirma.  

O empresário considera que “como estamos mais concentrados, as pessoas têm a perceção de que houve mais gente, mas não é verdade. Nas ruas e no jardim havia muita mais gente, até porque havia muitos turistas de passagem, que percorriam a feira, porque esta estava enquadrada nos locais de passagem. Agora nesta zona, já não é assim”. 

O Mercado dos Descobrimentos terminou com o desfile de encerramento com os grupos, responsáveis pela animação, a percorrem algumas das ruas desde o castelo de Santiago da Barra até à Praça da República.  

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