Nevão no Verde Minho

Aconteceu em 02 de fevereiro de 1963 o maior nevão de que tenho memória ter vivido. Era sábado, e em Viana do Castelo, onde então iniciava carreira pública administrativa, reparei através da janela do rés do chão onde se situava a secretaria da Escola Industrial e Comercial, que começavam a cair, rareados, flocos de neve.

O serviço, naquele tempo, encerrava às 13h o que me pareceu uma enormidade de tempo perante a expectativa de poder fruir do invulgar (no litoral minhoto) fenómeno atmosférico. Cumprido o horário de encerramento, estuguei o passo para apanhar a primeira carreira da Auto Viação – Cura, na Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, ansiando poder chegar a casa com idêntico estado de tempo, e observando o que ia acontecendo no trajeto avaliando os efeitos originais que a neve causava na paisagem habitual.

Pelas duas horas da tarde já estava no Largo Capitão Gaspar de Castro, munido de uma pequena máquina fotográfica, com vista a obter imagens a preto e branco para o jornal Voz de Lanheses, que então se publicava na freguesia e de cuja criação e redação fiz parte, bem como elementos para a reportagem a elaborar e publicar. Entre as que captei foi escolhida pela redação do jornal a de um trabalhador indiferenciado muito conhecido no meio que dava pelo nome de Pacheco, o qual conduzia um carrinho de mão pela rua do lado norte, carregado com lenha de fogão.

Havia por ali um número reduzido de pessoas (a neve era cada vez mais intensa), tendo-me juntado ao Chico Dias (Chiquinho), ao Chico Vale “Praça”, José Manuel C. Pinto, e a uma moça do nosso convívio comum no teatro amador, Rosa Delmira Agra Gomes, sempre alegre e muito participativa nas brincadeiras da juventude. Todos deliciados pisando a neve que cobria o chão. Dos cinco, apenas eu e o Correia Pinto continuamos por cá.

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